Eram cinco, mas só fica uma. A Alemanha, estável, mantém o seu poder enquanto os outros balançam.
David Cameron foi o primeiro a sair, forçado pelo resultado do referendo que o próprio convocou, assumindo que iria sair fortalecido com uma votação sólida a favor da permanência do Reino Unido na União Europeia.
O resultado não foi bem o esperado e Cameron renunciou em julho. O objetivo do referendo, que passava também por acalmar a ala eurocética do partido Conservador, salienta o entendimento de que a revolta das maiorias silenciosas contra políticos que representam o establishment ataca à direita e à esquerda.
O Brexit até agora teve resultados muito menos negativos do que o esperado, mas o governo de Theresa May, substituta de Cameron, não parece muito certo neste processo de separação e na forma como vai aplicar o artigo 50º do Tratado da União.
Um “divórcio” que se assume litigioso com a necessidade de enfrentar a constitucionalidade da rutura perante o Tribunal Supremo.
O próximo na lista é Barack Obama, o homem que encerra o reinado dos democratas, já que a sua sucessora saiu perdedora na campanha que mais polémica gerou nos últimos tempos.
Muitos ficaram em choque, outros tantos animados com o resultado do dia 8 de novembro que elegeu o magnata nova-iorquino Donald Trump como próximo líder do mundo livre.
A sobrevivente é Angela Merkel. O prestígio da primeira-ministra foi abalado pela política de abertura às recentes ondas migratórias, mas a maioria dos alemães ainda é a favor de lhe proporcionar um quarto mandato em outubro de 2017.
Dez meses ainda é suficiente para as mentes germânicas alterarem os seus ideais e, na verdade registam-se avanços em eleições regionais do partido que é contra a imigração de muçulmanos e contra a participação na União Europeia. Nem a Alemanha é imune a este surto global de insatisfação.
Uma onda anti-globalização reafirmada pela esquerda e que, ao contrário do que se esperava, parece estar a ganhar terreno.
Ao lado deste fenómeno desaparecem mais dois nomes célebres: os “globalistas” François Hollande e Matteo Renzi.
Hollande anunciou na passada quinta-feira que não vai disputar a candidatura presidencial pelo Partido Socialista, uma maneira de se livrar de uma derrota constrangedora segundo alguns críticos.
O comunicado de Hollande não parece preocupar muitos os franceses, mais concentrados no segundo turno da eleição presidencial, presumidamente entre a direita representada por François Fillon e a extrema-direita de Marine Le Pen.
O mesmo sentimento de rebelião inspirou a queda do último da lista, Matteo Renzi.
O referendo que visava uma reforma constitucional para modernizar o funcionamento das instituições políticas italianas transformou-se na desgraça do primeiro-ministro. Depois de uma derrota ainda maior do que a prognosticada (um “não” por cerca de 60% dos eleitores), Renzi viu-se obrigado a cumprir a promessa de renunciar.
Os mais pessimistas encaram o resultado como um sinal de que a Itália eventualmente vai acelerar o desmoronamento da União Europeia, iniciado com o Brexit.
O que vai acontecer afinal à União Europeia?
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