A Servilusa é a maior empresa funerária do mercado português. Nos últimos anos, a faturação tem crescido de forma sustentada: subiu 7,9%, de 2014 para 2015, e voltou a crescer 2,6%, de 2015 para 2016, atingindo 23,8 milhões de euros. Em dois anos, a evolução acumulada foi de 10,7%.
“O mercado fúnebre em Portugal é relativamente estável”, explica ao Jornal Económico Paulo Carreira, diretor geral da empresa.
Sobre o lucro do negócio, Paulo Carreira é mais contido. Têm aumentado, mas a empresa não divulga valores: os resultados líquidos subiram 17%, em 2015, face ao ano anterior; e voltaram a aumentar 7%, no ano passado, face a 2015.
Para este ano de 2017, a empresa detida em 100% pelo grupo espanhol Mémora prevê que o ritmo de expansão do negócio atinja os dois dígitos, 10%, e que o lucro aumente a um passo mais acelerado, de 13%.
Em Portugal morrem pouco mais de 100 mil pessoas por ano. Em 2016, os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) registam que o número de óbitos ascendeu a 110.535, o que representa uma subida de 1,8% face ao contabilizado em 2015. Morreram mais homens, 55.601, do que mulheres, 54.934.
Esta procura por serviços funerários parece ser, no entanto, dispersa. Paulo Carreira diz que o que caracteriza o mercado português é a inexistência de barreiras à entrada de novos operadores. Por outras palavras, facilmente se é cangalheiro, agente funerário.
“O mercado não tem requisitos especiais e/ou vinculativos para a entrada de novas empresas neste setor em concreto”, diz Carreira, acrescentando que esta situação “acaba por favorecer o aparecimento de microempresas, com pouca ou nenhuma qualificação na área e sem capacidade de investir no setor de forma construtiva e estratégica”.
“Denota-se impreparação para este negócio”, sustenta.
Agente de concentração
Criada em 2001, a Servilusa resulta da união das sociedades funerárias portuguesas SCI e EuroStewart, foi adquirida pela espanhola Mémora que, por sua vez, é controlada por um fundo britânico. Em Portugal tem sido uma agente do processo de concentração no setor dos serviços funerários. Exemplos: em 2015, comprou a Agnus Dei, empresa que era a segunda maior do mercado; já este ano, em fevereiro, a Servilusa concluiu a aquisição da Funerária Avenida Fernão Magalhães, no Porto, com o objetivo de reforçar a presença da Servilusa no norte do país, consolidando a rede de agências que servem não apenas a cidade do Porto, mas toda a área geográfica Norte.
Além disso, mantém uma política de investimento. Em 2016, inaugurou o Centro Funerário/crematório de Cascais, num projeto em que aplicou 1,6 milhões de euros.
Paulo Carreira faz questão de dizer, também, que a Servilusa investe nos seus recursos humanos, através da formação permanente dos seus 297 colaboradores, distribuídos pelas 58 lojas físicas de norte a sul do país.
Produtos inovadores
No entanto, a empresa é reconhecida por ter introduzido em Portugal produtos e serviços diferentes dos tradicionalmente disponíveis no setor. Paulo Carreira destaca as urnas para cinzas ecológicas, que podem ser lançadas ao mar, numa cerimónia privada onde a empresa regista as coordenadas GPS do local para as transmitir aos familiares. Existe, ainda, a urna Natura, em que as cinzas de quem morre “servem de base ao nascimento de uma árvore”. “A Servilusa é pioneira na disponibilização deste produto em particular”, garante o diretor geral da empresa. Outro do produto também inovador “é a jóia da memória, um diamante cuja gema é criada a partir do cabelo”.
A Servilusa tem, também, um departamento de Serviços Internacionais, criado há mais de uma década, que tem como objetivo permitir a prestação de serviços entre diferentes países. “A criação deste departamento teve por base o crescente número de comunidades emigrantes em Portugal e Espanha, assim como o aumento exponencial do número de turistas a nível ibérico”, explica Paulo Carreira.
Trata-se de uma plataforma que centraliza “todos os procedimentos necessários à repatriação de um corpo; onde todas as burocracias e aspetos legais podem ser tratados, sempre pelo mesmo colaborador. Ou seja, o funcionário da Servilusa que inicia o processo de repatriamento com uma família, será o mesmo que o encerra”, explica.
Este departamento, apesar de estar sedeado em Portugal, opera a nível mundial, dispondo de uma vasta rede de representantes em diversos países.
Olhando para o futuro, Paulo Carreira afirma que a Servilusa está “sempre atenta”, mas que “encara o futuro com alguma tranquilidade”. Afinal, trata-se de um mercado estável, com um serviço que tem, ainda, e sempre, procura.
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