Os Estados Unidos e o Reino Unido vão transferir pacotes de ajuda a Kiev, que somados atingem acima de 1,3 mil milhões de euros, anunciaram hoje na capital ucraniana os chefes das diplomacias dos dois países.
O apoio de Washington está avaliado em mais de 700 milhões de dólares (635 mil milhões de euros) em ajuda humanitária, dos quais cerca de metade serão destinados ao reforço da rede energética ucraniana, que a Rússia tem visado persistentemente, segundo o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que hoje realiza uma visita conjunta a Kiev com o homólogo britânico, David Lammy.
Em conferência de imprensa, Blinken detalhou que, do total do novo apoio, 325 milhões de dólares (296 milhões de euros) serão atribuídos ao setor energético, 290 milhões de dólares (263 milhões de euros) ao fornecimento de água potável e 102 milhões de dólares (92 milhões de euros) a trabalhos de desminagem.
“Continuamos totalmente empenhados na vitória da Ucrânia, não só para garantir que a Ucrânia se possa defender hoje, mas que se possa defender fortemente, militar, económica e democraticamente, durante muitos, muitos dias pela frente”, sublinhou o chefe da diplomacia de Washington.
Blinken recordou que, além dos Estados Unidos e do Reino Unido, país que anunciou hoje uma nova ajuda de mais de 600 milhões de libras (710 milhões de euros) à Ucrânia, cinquenta países disponibilizaram mais de 100 mil milhões de dólares (89 mil milhões de euros) em ajuda à Ucrânia desde fevereiro de 2022.
Na mesma conferência de imprensa, o britânico David Lammy anunciou também que o Reino Unido vai entregar centenas de mísseis antiaéreos adicionais à Ucrânia em 2024 para se defender dos ataques russos.
“Enviaremos centenas de mísseis de defesa aérea adicionais, dezenas de milhares de munições de artilharia adicionais e mais veículos blindados para a Ucrânia até ao final do ano”, disse Lammy, que anteriormente tinha deixado a garantia de que Londres está a reservar três mil milhões de libras (3,5 mil milhões de euros) por ano para ajudar Kiev.
Durante a visita conjunta, os dois líderes reafirmaram o compromisso de ajuda a Kiev para enfrentar a invasão russa, mas também ouviram das autoridades ucranianos fortes apelos para que o Ocidente autorize o uso de armas de longo alcance em território russo.
Na conferência de imprensa com Blinken e Lammy, o novo ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andrii Sybiga, afirmou que “é importante levantar quaisquer restrições ao uso de armas americanas e britânicas contra alvos militares legítimos na Rússia”.
A reste respeito, o governante norte-americano indicou que levaria este assunto ao Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, quando regressar a Washington.
“Ajustámos e adaptámos à medida que as necessidades mudaram, à medida que o campo de batalha mudou. E não tenho dúvidas de que continuaremos a fazê-lo à medida que isso evolui”, afirmou Blinken.
Na sexta-feira, Biden tem um encontro previsto com primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, na Casa Branca.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após a desagregação da antiga União Soviética – e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente. ~
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
Nas últimas semanas, as tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguiram o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
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