A Floene, que gere nove das onze concessões de gás em Portugal, já recebeu cerca de 230 pedidos de injeção de gases renováveis na rede, dos quais 33% para biometano.
Apesar de a legislação e regulamentação para as unidades de produção de hidrogénio e biometano ainda estarem a ser desenvolvidas, as manifestações de interesse de produtores não param de chegar à antiga Galp Gás Natural Distribuição que está presente em 106 concelhos do país.
Enquanto antes os pedidos incidiam mais para a injeção de hidrogénio renovável, durante o ano de 2024 houve “um crescimento significativo nos pedidos referentes ao biometano”, tendo estes mais do que triplicado, disse à Lusa o presidente executivo da Floene, Gabriel Sousa.
“Do nosso lado, temos vindo a assistir a um crescimento de pedidos de injeção. Agora, para que esses projetos entrem em funcionamento, é crucial termos uma definição de legislação e de regulação”, apontou.
O Plano de Ação para o Biometano, aprovado em Conselho de Ministros em 15 de março de 2024, estabelece o objetivo de substituir quase 10% do gás natural por este gás verde até 2030. Mas um ano depois, ainda está a ser feita “a nomeação dos grupos de coordenação para que as medidas sejam estudadas, desenvolvidas e implementadas”, acrescentou.
“Temos de fazer isto mais depressa. A roda está inventada, deveríamos ser capazes de aproveitar e fazer em pouco tempo aquilo que outros países demoraram sete a oito anos”, defendeu o responsável da Floene, que detém mais de 13,5 mil quilómetros de rede de distribuição de gás natural.
“Os investidores precisam de confiança e de previsibilidade”, comentou, salientando que precisam de saber como serão os moldes do mecanismo de injeção.
“Por um lado, vemos com muita satisfação estes pedidos de injeção, mas que depois tardam em traduzir-se em projetos concretos porque os investidores estão à espera que essas regras estejam completamente definidas”, referiu.
Um cenário contrário ao do mercado francês. “Em França as regras são muito claras. O apoio do regulador e do Governo são fortíssimos”, explicou o CEO da Floene que esta sexta-feira vai reforçar a parceria estratégica para o desenvolvimento de gases renováveis com a GRDF, maior distribuidora de França.
Além disso, como destaca, em causa estão projetos “de elevada descentralização. Não são só em Lisboa ou no Porto, mas sim nas diversas regiões do país”.
A produção de biometano pode ser feita através de resíduos do setor agropecuário ou, por exemplo, de resíduos urbanos.
“Acho que temos de ter uma definição, uma orientação da política energética, para acelerarmos o mais depressa possível a descarbonização do sistema de gás”, alerta.
“Felizmente, temos vindo a assistir a um desenvolvimento muito significativo da eletricidade verde em Portugal. Mas não é sustentável e razoável um país depender de uma única solução. Precisamos de gás verde”, referiu.
O responsável destaca ainda que as quantidades estão disponíveis. Na sua visão, Portugal agora precisa é de começar esta corrida o mais rápido possível.
Esta semana, a REN – Redes Energéticas Nacionais divulgou que os vencedores do primeiro leilão de biometano e hidrogénio renovável, financiado através do Fundo Ambiental, comprometeram-se com um prazo máximo de 36 meses para avançar com a injeção de gás renovável no sistema nacional de gás.
O leilão, no valor de 140 milhões de euros, permite contratos de longo prazo para a injeção de hidrogénio renovável na rede pública de gás.
As quantidades de gases renováveis fixadas neste leilão serão compradas pelo comercializador de último recurso grossista para injeção nas redes de transporte e distribuição, operadas pela REN e pela Floene, respetivamente.
Em cada zona geográfica existe um comercializador de último recurso que garante o fornecimento de gás natural aos consumidores economicamente vulneráveis ou em áreas ou segmentos de mercado onde não existam propostas no mercado livre.
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