Na abertura do Millennium Portugal Exportador 2025, o CEO do BCP, Miguel Maya, numa plateia onde estava o Primeiro-Ministro Luís Montenegro e o Ministro Gonçalo Matias, defendeu uma “imigração controlada” diz que é “errado associar o tema a uma agenda de direita ou de esquerda” porque é “inequivocamente é da maior importância para o futuro de Portugal”.
O banqueiro rejeita discursos simplistas sobre a imigração, dizendo que “não é um tema de sim ou não”. Neste contexto elogiou o atual Governo dizendo “que está a agarrar o tema, reconhece a importância que a imigração tem para o desenvolvimento económico, e tem a preocupação de assegurar uma imigração controlada que não crie movimentos de tensão que possam gerar reações da própria sociedade de fragmentação”.
“Há que ter uma política definida que assegure a integração dos imigrantes na nossa sociedade e cultura de liberdade, democracia e tolerância pela diversidade”, disse o banqueiro.
Miguel Maya abordou ainda outro tema da moda, a longevidade que, na sua opinião, “está ligado ao tema das migrações”. Também destacou as alterações às dinâmicas laborais e da vida em sociedade. O CEO do BCP desafia a reflexão profunda sobre as dinâmicas sociais. “Num mundo mais volátil e imprevisível justifica-se uma reflexão séria sobre o contrato social e o papel que compete às empresas e ao Estado. É imperativo garantir a flexibilidade e o enquadramento para as empresas se adaptarem o que requer maior flexibilidade laboral, mas também requer assegurar que o Estado tem condições de proteger os trabalhadores afetados pelo imperativo da flexibilidade, o qual resulta não só do novo enquadramento económico, mas também da emergência de uma tecnologia de uso genérico e abrangente como é a Inteligência Artificial”.
O banqueiro defendeu a necessidade do aumento da produtividade e a riqueza criada pelo tecido empresarial. O aumento da geração de valor assegura que “há mais para distribuir” acrescentou, referindo que “há menos desigualdades à escala mundial mas há mais desigualdades à escala local”.
A sessão decorreu esta segunda-feira em Santa Maria da Feira, e é uma iniciativa realizada em parceria com a Fundação AIP, inteiramente dedicada à internacionalização e ao comércio externo.
“O mundo vive uma etapa de convulsões que indiciam um período de transição para uma nova ordem mundial, com uma configuração substancialmente diferente da que vivemos desde o final da segunda guerra mundial o que está a exigir ajustamentos nos tecido empresarial e na forma como a sociedade se organiza”, começou por dizer o CEO do BCP.
O CEO do BCP considera que a fragmentação geopolítica e os reveses da globalização são desafios para as empresas e criticou as tarifas dos Estados Unidos que diz “estão ao nível das tarifas em vigor há um século atrás”, e acrescenta que “temos de mudar a forma de escrever o futuro”.
“O PIB mundial está a abrandar tem novas centralidades e novos protagonistas” refere Miguel Maya que considera que as economias a que chama “democracias liberais” voltaram a representar menos de 50% do PIB mundial. “Uma nova realidade que requer novas formas de relacionamento”, disse ainda.
Por outro lado alerta que a fragmentação geopolítica compromete as metas e o calendário da descarbonização e considera a transição energética fundamental e inadiável.
Defendeu também a regulação, mas disse que “temos de saber recalibrar a regulação na Europa e em concreto em Portugal” em nome da competitividade e criticou o “gold plating”, referindo-se à prática de transpor diretivas da União Europeia para a legislação nacional de forma mais rigorosa do que o exigido, adicionando normas, procedimentos e obrigações extras.
“A adopção em escala da Inteligência Artificial vai transformar a atividade empresarial” e lembrou que a “afirmação de novas tecnologias que permitem potenciar a competitividade das empresas”.
Miguel Maya vê assim vários desafios para as empresas portuguesas, elencando nove que considera principais: das migrações às alterações climáticas, passando pela inteligência artificial. É necessário que os empresários se adaptem e, acredita que, conseguindo fazê-lo, há oportunidades.
Elogiou ainda o processo de modernização tecnológica da Administração Pública que o Governo está a levar a cabo e que “vai ter um impacto relevante na redução dos custos de contexto em Portugal”.
Por fim considerou que este “tempo de transição sinaliza oportunidades para o tecido empresarial português e para Portugal nesta nova configuração que se está a desenhar”, lembrando que os mais ágeis e melhor preparados sairão vencedores” e destacou que “o BCP está no mercado para servir a economia”.
O banqueiro teve ainda tempo de citar António Mota, histórico presidente da Mota Engil, que morreu este fim de semana para dizer “Quem tem tenda que a atenda se não que a venda”.
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