Longe vão os tempos que em que vivíamos entregues ao nosso triste fado, nas mãos de uma troika sedenta de cortes e restrições, liderados pela dupla Passos/Cavaco que nos alertava diariamente para a necessidade de apertarmos o cinto e que nos dizia para nos deixarmos de pieguices.

O momento do “ai aguenta, aguenta” já lá vai. O défice, o desemprego, os cortes de salários e pensões, as sobretaxas, os aumentos colossais de impostos, as greves, os sacrifícios ficaram definitivamente para trás. A economia da tristeza foi substituída pela economia da felicidade.

Entregues nas mãos do duo dinâmico Costa/Marcelo, os portugueses não têm mais espaço para lamentos. O défice encolheu, o desemprego diminuiu significativamente, os salários e as pensões foram repostos, as sobretaxas estão a caminho de ser eliminadas, o salário mínimo aumentou, os impostos diretos desceram, os grevistas deixaram de ter razões para sair à rua, os sacrifícios já não fazem parte do quotidiano da maioria dos portugueses.

Com o reinado da geringonça, o sorriso voltou a estar estampado no rosto dos portugueses. Desde então, já registámos proezas nunca antes alcançadas. Ganhámos o Europeu de futebol, com Ronaldo a ser eleito melhor futebolista do mundo; vencemos o festival da eurovisão, na voz do hoje nosso Salvador; temos em Guterres, o amigo de Angelina Jolie, o secretário-geral das Nações Unidas; e o Benfica alcançou um inédito tetracampeonato. A par disso, Telma Monteiro obteve uma medalha de bronze nos Jogos Olímpicos, Miguel Oliveira é hoje um piloto de topo no Moto2, Cristiano Ronaldo passou a ter um aeroporto e um busto, sendo imortalizado pelo agora famoso artista plástico Emanuel Santos, Joana Vasconcelos continua a fazer obras gigantes, como um supergalo de Barcelos e um megaterço, e o Papa visitou Portugal, tendo canonizado Francisco e Jacinta.

Apesar das agências de rating, maioritariamente, ainda nos colocarem no lixo, a economia portuguesa encontra-se em rota de crescimento acelerado, com o PIB a aumentar 2,8% no primeiro trimestre de 2017 face ao mesmo período do ano passado, alcançando o desempenho trimestral homólogo mais positivo dos últimos dez anos.

Para todos aqueles que se dedicam ao estudo da economia da felicidade, que analisa a evolução positiva ou negativa do bem-estar, da qualidade de vida, da satisfação de vida e de conceitos relacionados, combinando economia com psicologia e sociologia, Portugal constitui um excelente estudo de caso.

No entanto, importa atentar aos conselhos de Nietzsche, para quem “a felicidade é frágil e volátil, pois só é possível senti-la em certos momentos. Na verdade, se pudéssemos vivenciá-la de forma ininterrupta, ela perderia o valor, uma vez que só percebemos que somos felizes por comparação”.