“É preciso olhar para o ano que vem e, sobretudo, quando se conceber o Orçamento para 2019, resistir à tentação de ele ser um Orçamento eleitoralista”, declarou o chefe de Estado, no encerramento do 7.º Congresso Nacional dos Economistas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Na sua intervenção de cerca de cinco minutos, o chefe de Estado começou por se referir ao Orçamento do Estado para 2018, considerando que terá de se conseguir “um equilíbrio complexo” entre incentivos ao investimento, proteção social e controlo do défice.
“Eu desejaria que ele permitisse a confluência entre o convite à vitalidade económica e, portanto, ao investimento e às exportações, com proteção social – mas sempre com a preocupação do equilíbrio financeiro. E uma preocupação que olhasse para o médio prazo”, declarou.
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, é preciso ter em conta “a eventualidade de nem sempre a evolução do crescimento, a evolução do emprego – no caso português, como no caso europeu, como no contexto internacional – ser tão propícia”.
“É um equilíbrio complexo. Que terão de admitir que não passa apenas pela economia e os economistas, passa muito pelo sistema político e o seu funcionamento”, referiu, dirigindo-se aos economistas na assistência.
Depois, mais no final do seu discurso, o chefe de Estado falou do Orçamento para 2019, defendendo que não pode ser construído “na base de uma pressão excessiva no domínio das prestações sociais, sobretudo com pensamento eleitoralista, que não seja comportável no quadro de uma trajetória que é ambiciosa em termos de défice nominal e de défice estrutural”.
“Dir-me-ão: mas não é o problema deste ano já, nem sobretudo. É-o, na medida em que uma parte do que vai ser pensado para os próximos anos está a ser pensado hoje”, argumentou.
Segundo o Presidente da República, “o que se pede à área da governação é que manifeste de uma maneira sistemática um bom senso e um realismo, à medida da surpresa que introduziu no pensamento de muitos pensadores financeiros e económicos, internos e externos”, há cerca de um ano e meio, “que esperavam, ou desejavam, ou temiam – depende de cada qual – que a evolução fosse outra”.
“Mas que haja esse bom e esse realismo, no ano crucial de 2018”, insistiu.
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