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Josepp Borrell visita os Balcãs Ocidentais na próxima semana

“A visita reafirmará o compromisso e o apoio da União Europeia, dada a guerra da Rússia contra a Ucrânia” mas a região está há anos à espera de entrar no bloco sem que tenham em vista que isso venha a suceder.
12 Março 2022, 20h34

O Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borell, visitará a Macedónia do Norte, Albânia e Bósnia-Herzegovina de 13 a 16 de março, anunciou Bruxelas. “A visita reafirmará o compromisso e o apoio da União Europeia com a região, dada a guerra da Rússia contra a Ucrânia e seu impacto na segurança da Europa como um todo”, foi anunciado pela Comissão Europeia.

Borell estará em Skopje na próxima segunda-feira, onde se reunirá com o presidente da Macedónia do Norte, Steve Pendarovski e o primeiro-ministro Dimitar Kovacevski, outros altos funcionários. O Alto Representante da União desloca-se na terça-feira a Tirana para se encontrar com o primeiro-ministro Edi Rama durante a visita à Albânia. Na quarta-feira, em Sarajevo, visitará as tropas da EUFOR, cuja capacidade quase duplicou, e depois reunir-se-á com representantes das autoridades da Bósnia-Herzegovina, da oposição e da sociedade civil.

Todos os países dos Balcãs Ocidentais exceto a Sérvia harmonizaram a política de sanções contra a Rússia com a União Europeia. A Sérvia é o único país candidato que não impôs sanções à Rússia e esse será com certeza um tema em cima da mesa. Não será por acaso, aliás, que a Sérvia, o país mais influente da região, está aparentemente fora do roteiro da visita

A entrada dos países dos Balcãs na União Europeia é um dos temas mais sensíveis em cima da mesa, com a Comissão Europeia a ser acusada por diversas frentes de não estar a fazer tudo para proceder a um alargamento que está prometido há vários anos.

Ainda recentemente, a quando da presidência do Conselho da União Europeia por parte da Eslovénia – no segundo semestre do ano passado, logo a seguir a Portugal e antes da França, que assume atualmente essa presidência, o alargamento fazia parte das prioridades do governo. Mas nada aconteceu.

Inclusivamente, a Eslovénia organizou uma cimeira formal entre a União e os países balcânicos em fila de espera para o alargamento, tendo ficado claro para a maioria dos analistas que na altura comentaram o assunto – como foi o caso do embaixador Francisco Seixas da Costa em declarações ao JE – que a Comissão não estaria disposta a avançar no assunto.

A invasão da Ucrânia por parte das tropas russas e principalmente o facto de a possibilidade de aquele país entrar na União pode ter mudado a perceção da Comissão Europeia. De facto, é claro que a região sofre historicamente uma grande influência da parte da Rússia – que não se confinou ao período em que o marechal Tito manteve a Jugoslávia como um país socialista (apesar das tensões constantes com Moscovo, principalmente no tempo de Estaline).

Mesmo depois depois da implosão da União Soviética, essa influência manteve-se – em constante choque com pretensões mais ou menos idênticas vindas da Turquia e da China. Será por certo essa influência que leva agora a Comissão Europeia a enviar o seu alto representante para a região.

Merece também destaque o facto de a Bósnia-Herzegovina estar a passar por uma fase de grandes dificuldades em manter ativa a federação que junta sérvios, bósnios (muçulmanos) e croatas – devido principalmente aos avatares da República Sprska, que tem demonstrado uma forte propensão para exigir a independência, aliás patrocinada pela Rússia e pela Hungria.

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