Enfrentou críticos e uma pandemia global sem nunca tirar a máscara. Literalmente. Agora, e afastada de vez os rumores sobre a sua saída do Governo, Marta Temido vai continuar a ser a mulher forte na saúde do executivo socialista. Afinal, o fortalecimento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem sido uma das bandeiras do PS durante a pandemia da Covid-19. Isto, apesar dos críticos não perdoarem a politica de cativações ditada desde o ministério das Finanças.
De nome completo Marta Alexandra Fartura Braga Temido de Almeida Simões nasceu na cidade de Coimbra quando decorria o ano de 1974, perfazendo este ano 48 anos.
A par dos médicos e enfermeiros, e restantes profissionais de saúde, a ministra da Saúde ficará para a história como o rosto da resiliência num período negro para Portugal, recheado de elogios mas também muitas críticas.
Foi a 15 de outubro de 2018 que Marta Temido aceitou oficialmente o compromisso de se tornar ministra da Saúde e pegar numa pasta delicada para Portugal, onde as queixas eram mais que muitas e se tropeçava nos desafios. Hoje, 23 de março, a dias do XXIII Governo Constitucional tomar posse, sabe-se que Marta Temido abraça o desafio de continuar no cargo.
A ministra da Saúde é doutorada em Saúde Internacional pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa. Marta Temido é também mestre em Gestão e Economia da Saúde pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
Especializou-se ainda em Administração Hospitalar pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa e exerceu o cargo de subdiretora do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, foi presidente do conselho diretivo da Administração Central do Sistema de Saúde, presidente não executiva do conselho de administração do Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa e membro do conselho de administração de vários hospitais do Serviço Nacional de Saúde.
Combate à Covid-19
Desde o início, e quase sempre ao lado de Graça Freitas, Marta Temido mostrou-se resiliente no combate à pandemia, comandando as linhas da frente num altura em que õ país e o mundo não sabiam o que esperar do coronavírus (a designação Covid-19 só surgiu depois).
No início, e perante a gravidade da situação, Marta Temido foi criticada devido à sua inicial formação em Direito, mas depois foi aceite no meio da comunidade.
Liderou várias reuniões e apresentações diárias à imprensa e aos portugueses, onde prestava esclarecimentos sobre o estado de saúde do país e tentava responder às inúmeras perguntas dos jornalistas, muitas vezes repetidas. E para muitas das perguntas, a ciência ainda não tinha resposta naquela altura. Em março, abril e maio de 2020, o mundo ainda estava longe de imaginar que iriam haver rapidamente no mercado vacinas contra a Covid-19. Nem os portugueses, nem ninguém, sabiam bem como é que a doença se espalhava e as habituais conferências de imprensa diárias meses a fio tentaram dar alguma luz às dúvidas dos cidadãos.
Mais à frente, reuniu os especialistas nas famosas reuniões do Infarmed para ajudar o Governo a decidir sobre o rumo do país: dos avanços e recuos nos confinamentos, do início da vacinação e dos números positivos que daí surgiram e das várias vagas da pandemia que foram surgindo e atingindo Portugal quando a maioria da Europa já os tinha ultrapassado.
Chuva de críticas
Marta Temido tomou o lugar de Adalberto Campos Fernandes e ainda nem tinha um ano no cargo quando começou a somar polémicas ao currículo. A última foi quando apontou a necessidade de resiliência entre os profissionais de saúde aquando da sua contratação.
A primeira de algumas polémicas deu-se apenas dias depois de assumir a pasta em 2018. A ministra entrou em confronto direto com a Ordem dos Enfermeiros quando estes convocaram greves às cirurgias e obrigaram ao adiamento de mais de sete mil operações. Questionada sobre a negociação para impedir os protestos, Marta Temido admitiu que não se negoceiam com sindicatos que avançam com greves que paralisam o país, considerando-os os “criminosos”, tendo acabado por pedir desculpa à bastonária da Ordem, Ana Rita Cavaco.
Marta Temido é apontada por muitos como a principal causadora do fim da parceira público privada de Braga, aquele que é considerado um dos melhores hospitais do país. Em 2018, a governante adiantou que o Hospital de Braga ia voltar à esfera do SNS por “indisponibilidade definitiva” do grupo José de Mello Saúde (CUF) em gerir a entidade, algo que foi desmentido prontamente pelo grupo.
Pouco tempo depois de ter entrado no Governo, Temido entrou em rota de colisão com Maria de Belém, que liderava a comissão da nova Lei de Bases da Saúde, então proposta pelo antecessor Campos Ferreira. O objetivo do trabalho de Maria de Belém era promover o debate e apresentar uma proposta de revisão à Lei de Bases, aprovada em 1990 e atualizada apenas em 2002.
Maria de Belém não recebeu um convite personalizado para assistir à apresentação da nova Lei de Bases da Saúde e acabou por não comparecer ao evento, tendo, posteriormente, criticado a descortesia de Marta Temido e criticado a lei que ajudou a criar, mas que não se assemelhava às suas propostas, considerando-a uma “lei técnica” apenas com “linhas gerais” do que tinha sido elaborado.
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