O CaixaBank apresenta hoje, em Madrid, o seu Plano Estratégico 2022-2024 “cujas linhas fundamentais para os próximos anos são continuar a elevar a qualidade do serviço ao cliente, impulsionar o crescimento do negócio, fortalecer a liderança no segmento de particulares, converter-se no primeiro banco de mais empresas, e consolidar-se como uma referência em sustentabilidade no mercado europeu”.
No que toca ao BPI, o seu acionista quer dar maior ênfase em consolidar o modelo comercial e em melhorar a rentabilidade. Recorde-se que no primeiro trimestre deste ano o banco liderado por João Pedro Oliveira e Costa registou uma rentabilidade dos capitais próprios tangíveis (ROTE) recorrente de 5,7%.
“Em Portugal, entre as medidas formuladas, destaca-se a de desenvolver a oferta de produtos e serviços juntamente com o aumento da venda cruzada, o vínculo e as vendas por canais digitais e, por outro lado, melhorar a gestão da rentabilidade por risco e segmento e reforçar o controlo de custos”, refere em comunicado o CaixaBank.
Neste sentido, diz o banco liderado por Gonzalo Gortazar, “o objetivo para filial portuguesa 100% do CaixaBank centrar-se-á em melhorar a eficiência e a digitalização, através da reformulação da segmentação entre redes especializadas, o reforço da experiência omnicanal ou a digitalização das estratégias de compra dos clientes”.
Ora precisamente um dos indicadores onde o BPI compara mal com a concorrência é no rácio da eficiência, ou seja, na relação entre os custos e os proveitos.
O rácio de eficiência core (cost-to-income core) melhorou para 54,1% em março de 2022, o que corresponde a uma descida de 10 bps em relação ao final de 2021.
Os custos com pessoal e gastos gerais administrativos do BPI, em conjunto, mantiveram-se praticamente inalterados no trimestre. O investimento realizado, nomeadamente na transformação digital e inovação, explica o aumento das depreciações e amortizações (+18% num ano) e, consequentemente, dos custos de estrutura totais (+3%).
Hoje o CaixaBank disse que este indicador tem de melhorar. Vale a pena lembrar que o banco português no final de março de 2022, contava com 4.486 colaboradores. Na mesma data a rede de distribuição do BPI totalizava 341 unidades comerciais, entre balcões (290), centros premier (18), centros private banking (3), 1 balcão móvel e centros de empresas e institucionais (29).
Relativamente aos objetivos financeiros do BPI, o CaixaBank estima no plano estratégico um volume de receitas que avançará a um ritmo de, aproximadamente 9%, com uma rentabilidade (ROTE) e uma eficiência que convergirão com as do conjunto do grupo.
O lucro líquido da atividade em Portugal situa-se em 28 milhões de euros. A comparação com o resultado doméstico homólogo (que foi de 54 milhões) é influenciada pelos ganhos extraordinários de 23 milhões com a venda de créditos não produtivos registada no primeiro trimestre do ano passado.
Plano estratégico do maior banco em Espanha em tempo de juros a subirem
O CaixaBank é o maior banco no mercado doméstico espanhol e apresenta o seu plano estratégico para 2022-2024 com a subida dos juros pelo BCE no horizonte.
“Com este novo caminho traçado para os próximos exercícios, o CaixaBank pretende gerar uma rentabilidade atrativa para os acionistas, suportada no aumento dos proveitos e em custos neutralizados após a forte redução empreendida em 2022, devido à captura de sinergias após a fusão com o Bankia”, diz o CaixaBank que destaca ser o primeiro plano estratégico depois da fusão concluída no ano passado com o Bankia.
O presidente do CaixaBank, José Ignacio Goirigolzarri, assinalou que o Plano Estratégico “coloca o foco no cliente, em desenvolver as melhores propostas oferecendo uma excelente qualidade de serviço. Com o lema ‘Perto dos nossos clientes’ queremos destacar a proximidade como a característica que marca a diferença na forma de nos relacionarmos com eles”.
Para Goirigolzarri, a materialização deste roteiro permitirá ao CaixaBank “atingir três objetivos que para nós são muito importantes: em primeiro lugar, oferecer a melhor proposta de valor para os nossos clien- tes; em segundo lugar, manter uma política de dividendos atrativa para os acionistas; e, em terceiro lugar, impulsionar a transição energética das empresas e da sociedade para transformar o CaixaBank numa referência em sustentabilidade”.
Por seu lado, o administrador-executivo, Gonzalo Gortázar, destacou que “os nossos objetivos para os próximos 3 anos centram-se em impulsionar o crescimento dos proveitos; manter e continuar a potenciar o melhor modelo de relação omnicanal com os nossos clientes; e consolidar o CaixaBank como o grupo financeiro de referência na Europa pelo nosso compromisso social e ambiental”.
Para Gonzalo Gortázar, “graças ao trabalho de uma equipa excecional, esperamos durante a vida do plano poder recuperar uma rentabilidade de 12%, um retorno que contribuirá para poder remunerar adequadamente todos os nossos acionistas, destacando o reforço que será para a Fundação “la Caixa” e a sua capacidade para poder continuar a levar a cabo a sua imprescindível obra social”.
Cenário de crescimento sustentado entre 2022 e 2024
O Plano Estratégico prevê um cenário de crescimento económico sustentado durante 2022-24, especificamente, o crescimento do PIB em Espanha alcançaria uma média de 3,4% nos três anos do plano e a taxa de desemprego desceria gradualmente até aos 11,5% em 2024.
“A guerra da Ucrânia e os seus efeitos sobre os preços da energia e de outras matérias-primas estão a travar o ritmo de recuperação a curto prazo, mas a nova fase na qual entrou a pandemia, a recuperação do turismo estrangeiro, a normalização das taxas de poupança e a implementação dos programas NGEU constituem claros elementos favoráveis que deverão impulsionar a atividade económica e a procura de crédito”, lê-se no comunicado.
Quanto às taxas de juro, o Plano utilizou a curva de futuros de finais do mês de março para guiar as suas previsões. De acordo com esta curva, que antecipa uma normalização da política monetária nos próximos trimestres em resposta à alta inflação, a euribor a 12 meses passará de uma média de -0,5% em 2021 para 1,5-1,6% em 2023-24.
As previsões para Portugal são favoráveis, esperando-se que o crescimento económico atinja pelo menos uma média de 3% em 2022-24.
O banco fixou como meta manter uma elevada atividade comercial em créditos (hipotecas, empresas e consumo) e em recursos de clientes, e continuar a reforçar a solidez financeira para manter a sua lide- rança entre os grandes bancos espanhóis.
Os planos da instituição serão materializados num impulso dos proveitos que avançarão a um ritmo de cerca de 7% entre 2022 e 2024, graças à subida que as receitas da atividade seguradora registarão (+10%) e a uma evolução moderada das comissões (+2%). Com isso, a margem financeira subirá 8% suportada no novo ambiente das taxas de juro.
CaixaBank quer duplicar rentabilidade até 2024
Entre outras variáveis que terão um comportamento positivo, destaque para a rentabilidade (ROTE), que se situará acima dos 12%, o que pressupõe duplicar praticamente os atuais níveis.
“Tudo isto permitirá ao CaixaBank melhorar de uma forma consistente o seu rácio de eficiência para se situar abaixo dos 48%, desde os 58% em que se encontrava no final de 2021”.
O controlo do incumprimento do crédito é outro dos pilares nos quais assenta o Plano Estratégico do CaixaBank para os próximos exercícios. Desta forma, o rácio de incumprimento (NPL) descerá abaixo dos 3% no final do exercício de 2024.
Pelo lado da solvência, o CaixaBank tem como objetivo continuar a manter uma posição de robustez e liderança entre as grandes instituições financeiras espanholas.
Durante o período do plano, a entidade tem como objetivo interno situar o capital de máxima qualidade CET1 entre os 11%-12%.
“Um dos objetivos principais da instituição para este triénio é manter uma política atrativa de remuneração para os acionistas. A sua previsão é gerar cerca de 9.000 milhões de euros em capital. Neste montante incluem-se os dividendos (com um payout superior a 50%), a distribuição de 1.800 milhões de euros correspondentes ao plano de recompra de ações anunciado hoje e ao excesso de capital acima dos 12%”, refere o banco espanhol.
Esta estratégia de retribuição aos acionistas, “reverte diretamente para a sociedade, dado que 30% dos montantes distribuídos são encaixados pela Fundação la Caixa – cujo orçamento em 2021 foi de 510 milhões -, outros 16% vão para o Estado espanhol, através do FROB, e outros 28% vão para os cerca de 646.000 pequenos acionistas a 31 de março, que também serão beneficiados pela pujança financeira do CaixaBank”.
Com este novo roteiro para os próximos exercícios, o CaixaBank “pretende gerar uma rentabilidade atrativa para os acionistas, apoiada no aumento das receitas core e em custos neutralizados após a forte redução implementada em 2022 pela captura das sinergias após a fusão com o Bankia, o que permitirá ao banco melhorar em eficiência e oferecer novos produtos e serviços adaptados às necessidades dos clientes.
O plano está estruturado em três prioridades estratégicas. Em primeiro lugar, aumentar o volume de negócio graças à oferta da melhor proposta de valor para os clientes; em segundo lugar, evoluir o modelo de atendimento para que ele se adapte ao máximo às diferentes necessidades de cada um, e em terceiro lugar, transformar o CaixaBank numa referência em sustentabilidade na Europa.
O Plano também integra duas linhas transversais às três prioridades, “a primeira refere-se às pessoas e à cultura, a fim de dispor do melhor talento para enfrentar os desafios estratégicos do Grupo; a segunda coloca o foco na tecnologia e nos processos para dispor de uma infraestrutura de TI eficiente, flexível e resiliente”.
“A partir destas três prioridades e das duas linhas transversais, o novo Plano Estratégico reflete a aspiração do CaixaBank em conseguir para 2024 uma posição reforçada em todos os segmentos e uma exce- lente experiência do cliente; avançar num modelo de distribuição adaptado às preferências dos clientes; transformar-se numa referência em sustentabilidade; oferecer uma rentabilidade atrativa e uma remuneração competitiva ao acionista, e posicionar-se como o grupo financeiro preferido para trabalhar”, refere o banco.
Em Espanha, o Plano Estratégico 2022-2024 “planeia fortalecer a liderança no mercado retalhista e aumentar as receitas elevando a penetração de produtos e serviços da base de clientes e evoluir a oferta para dar um salto qualitativo e quantitativo na construção das experiências dos clientes, com o impulso dos ecossistemas específicos como o sénior, MyHome e o Wivai”.
Por parte dos produtos de financiamento o plano prevê melhorar em 50% a nova produção de hipotecas em comparação com o período 2019-2021, enquanto no crédito ao consumo o objetivo é crescer 30% na nova produção. Por outro lado, em poupança a longo prazo o objetivo é manter a liderança e aumentar em 70 pontos básicos a quota de mercado, atualmente nos 29,6%.
Além disso, também foi marcado como objetivo atingir a liderança nas áreas de corporate, empresas e pequenas e médias empresas com propostas de valor especializadas por negócios e setores, maior foco no financiamento do circulante e banca transacional e crescimento do negócio na banca internacional e CIB (centro de banca internacional), com o objetivo de duplicar a carteira de crédito internacional.
“O objetivo da instituição consiste em oferecer a melhor experiência por qualquer canal, conscientes da atual preferência maioritária pela omnicanalidade. O modelo de atendimento – e os recursos dedicados aos vários canais – evolui para se adaptar às alterações de hábitos dos utilizadores”, refere.
Para melhorar a experiência do cliente, o Plano Estratégico prevê “continuar a dar prioridade ao modelo de balcão Store na rede urbana, para oferecer maior valor ao cliente, manter a presença e tornar eficiente a rede rural, e potencializar o atendimento remoto (inTouch) e digital (Now, imagin) para impulsionar a captação e as vendas digitais nas áreas de retail e de empresas”.
“A capilaridade do CaixaBank – com a maior rede de balcões do país – continua a ser uma vantagem competitiva”, diz o banco.
“A dinâmica do modelo de balcão urbano Store (que atingirá já os 22% no final deste ano) e a aposta em manter o modelo do AgroBank no âmbito rural com 39% do total da rede de balcões (1.466 balcões em populações com menos de 10.000 habitantes) permitirão à entidade responder ainda melhor às novas necessidades dos clientes”, acrescenta.
“Além de acelerar a reconfiguração da rede de balcões com uma evolução do modelo de relação especializada com o cliente, também será intensificada a oferta do serviço de atendimento remoto inTouch do CaixaBank, até atingir os 4,6 milhões de clientes (o que pressupõe quase duplicar os 2,4 milhões de clientes no encerramento do exercício 2021)”, refere o comunicado. Trata-se de um serviço dirigido a clientes que utilizam preferencialmente as novas tecnologias para se relacionarem com o banco, o qual combina o acesso a ferramentas digitais com um gestor pessoal, impulsionando a melhoria do atendimento e da eficiência.
“O banco mobile do CaixaBank que impulsiona a fidelização entre os clientes jovens” é outra das apostas do banco e tem em vista a ampliação de oferta e alianças para continuar a aumentar a base de clientes para 4,8 milhões (3,7 milhões no encerramento de 2021).
O CaixaBank quer ser referência na Europa em sustentabilidade. As iniciativas neste âmbito centrar-se-ão em impulsionar a transição energética das empresas e do conjunto da sociedade, mediante, entre outros, o desenvolvimento de soluções para particulares com foco na mobilidade e na habitação sustentável e o fomento dos investimentos com critérios ESG.
Na transição sustentável, o CaixaBank tem como objetivo mobilizar 64.000 milhões de euros em financiamento sustentável, através do impulso de várias iniciativas centradas: na oferta de produtos, na asses- soria ESG, na sensibilização e na formação.
Além disso, “o plano tem como objetivo liderar o impacto social positivo e favorecer a inclusão financeira, impulsionando soluções de microfinanças, principalmente através do MicroBank e mantendo o compromisso com o mundo rural, adaptando os canais de atendimento às necessidades dos vários grupos de clientes”.
“No caso do MicroBank, o objetivo para 2024 pressupõe atingir os 3.500 milhões de euros em nova con- cessão de financiamento social, mais 36% que o disponibilizado no período 2019-2021, 54% destinados às famílias e os 46% restantes a empreendedores”, diz o banco referibdo-se à sua instituição para microcrédito.
“Por último, também promoverá uma cultura responsável que seja referência em governança, adotando as melhores práticas em sustentabilidade, reporting e em comercialização responsável”, refere.
O plano aposta na transversalidade das pessoas e da tecnologia, pois “integra duas linhas fundamentais destinadas a completar a execução das três prioridades estratégicas, por um lado, as pessoas e a cultura, e, por outro, a tecnologia e os processos”.
“Ter o melhor talento para enfrentar os desafios estratégicos do Grupo; transformar a gestão do modelo de desenvolvimento das pessoas: mais proativo na capacitação das equipas, com foco em competências críticas (analíticas e estratégicas, tecnológicas e digitais); continuar a fomentar a di-versidade e a inclusão e impulsionar novas formas de trabalho para criar um modelo ágil”, está entre as prioridades.
A segunda linha transversal põe o foco na tecnologia e nos processos para dispor de uma infraestrutura de TI eficiente, flexível e resiliente. Para atingir estes objetivos o quadro de pessoal do CaixaBank Tech será aumentado para 1.000 colaboradores, face aos 600 com os quais contava em 2021 e aumentará para 10% o número de colaboradores com funções de programador.
“Por seu turno, a otimização do modelo operativo do banco permitirá ajudar a alcançar os desafios do Plano Estratégico visto ter como objetivo reduzir o tempo operativo de terminal em agências, reduzir os custos operativos no backoffice, reduzir o tempo médio de resposta ao cliente e aumentar a resiliência operativa”, refere o banco.
“O novo Plano Estratégico mantém o compromisso do CaixaBank com a sociedade, com um modelo único de banca, com o objetivo de oferecer o melhor serviço a cada perfil de cliente para fornecer soluções em todos os âmbitos, promover a inclusão financeira e liderar o impacto social positivo”, diz a instituição.
Nos próximos anos, a instituição promete manter a presença na rede rural e o compromisso de não abandonar municípios. “A solidez financeira permitirá continuar a apoiar a sociedade através de várias iniciativas, entre as quais se destaca o MicroBank, instituição líder em microfinanças na Europa, com 1,2 milhões de operações concedidas no valor de 7.100 milhões de euros desde 2007. Por outro lado, no âmbito da habitação, o CaixaBank mantinha 18.724 habitações em aluguer no final de março, alugadas a 99% (71% em aluguer social)”, conclui.
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