“O teleférico [para subir ao monte Inasa, no Japão] era do mais moderno que se pode imaginar e a noite de luar acasalou-se devagar com Nagasáqui. Luzes acenderam-se em todos os lugares onde mora ou passa alguém. Auto-estradas saíam da baía em todas as direcções. No espelho de água, o lusco-fusco surgia reflectido, bem como cerca de setenta mil luzes de fibra óptica. Em 2012 foi considerada uma das três cidades com a vista nocturna mais bonita do mundo.”
Provavelmente, Raquel Ochoa é uma das viajantes portuguesas da atualidade mais conhecidas dos leitores, graças a livros como “O Vento dos Outros”, às viagens em que acompanha clientes de uma agência turística e aos cursos de escrita criativa que leciona com alguma frequência.
Em 2000, há vinte anos, portanto, Raquel Ochoa decidiu viajar sozinha pela Europa, optando pelo Interrail. Desde aí, e apesar de um começo algo atribulado, na cidade termal de Karlovy Vary, na República Checa, onde a terão tomado por uma cigana errante (para quem alguma vez fez o Interrail, não é preciso recordar que a higiene não está no topo das prioridades de muitos dos viajantes com que se cruzou), têm sido muitas as viagens empreendidas a solo.
Apesar de ser mulher e, consequentemente, haver um maior risco associado à viagem, Raquel Ochoa tem sentido que, desde que tomados os devidos cuidados, a satisfação final é francamente superior quando comparada com a que retira das viagens efetuadas com companhia. Outros escritores-viajantes não poderiam estar mais de acordo.
Recentemente publicado pela Oficina do Livro, “Pés na Terra” é um relato de viagens aos cinco continentes, incluindo uma espécie de guia com algumas secções destacadas, quer de caráter mais pragmático – como, por exemplo, “Viajar sozinha” ou “Autocarros demasiado conversadores” –, quer de informação histórica, a complementar as descrições de lugares e narração das peripécias.
Como 20 anos de viagens não se resumem em cerca de 400 páginas, “Pés na Terra” será, provavelmente, uma seleção de destinos e situações particularmente gratificantes para Raquel Ochoa: Nepal, onde realizou uma caminhada de 21 dias para chegar ao Campo Base do Evereste, “o melhor miradouro do mundo”; Índia, onde qualquer viagem gera sempre várias histórias; Sri Lanka, onde volta sempre e é feliz, apesar do conhecido ditado; Nova Zelândia, onde arrisca fazer “bungee jumping” (experiência que não pensa repetir); diversas caminhadas em Cabo Verde; Senegal, onde assiste a um concerto de Youssou N’dour; Filipinas, esse “lugar intermédio” a que alguém chamou Latino-Ásia; Japão, onde a falta dos sorrisos é compensada pela paz de espírito e, por fim, Hong Kong.
Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.
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