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2022 com casas mais caras em Espanha. Vem aí uma bolha imobiliária “light”?

“Se os preços das casas subirem 9%, como na Alemanha, ou 20%, como nos Estados Unidos, isso vai levar a uma bolha”, indica um especialista ouvido pelo El País.
9 Janeiro 2022, 11h12

A pergunta é do El País. O mercado imobiliário espanhol – que sofreu o abalo de uma bolha imobiliária na crise financeira de 2008 (com consequências para Portugal) –  exibe um comportamento mais moderado do que noutros países, mas os analistas do diário espanhol não põem de parte um contágio.

“O mercado imobiliario espanhol está a aquecer, mas não se pode falar de uma bolha. Pelo menos, para já”, adianta o El País, citando as opiniões mais ou menos consensuais de analistas e académicos. As casas no país vizinho vão continuar a ficar mais caras em 2022, à boleia do crescimento económico e dos preços.

O jornal recorda que as “exuberâncias” de que fala o Banco Central Europeu – isto porque o termo “bolha” é um “termo tabu desde 2008 e de difícil classificação académica – parecem afetar mais outros mercados europeus e não o espanhol. “Mas este é um sector cada vez mais exposto a tendências de investimento globais”, pelo que “ninguém descarta um contágio” no país vizinho.

Ignacio de la Torre, economista chefe da Arcano Partners, considera que a melhor forma de verificar se virá aí ou não uma bolha é analisar a taxa de esforço (a percentagem do orçamento que uma família destina a pagar a habitação). “Acima dos 35% consideramos que estamos perante um mercado em tensão, e em 2006 Espanha esteve acima dos 46%”. Atualmente essa taxa média em Espanha está entre os 30 e os 32%, o que não é motivo de preocupação imediata.

“O problema é se o preço das casas subirem”, acrescenta Ignacio de la Torre. “Se subirem 9%, como na Alemanha, ou 20%, como nos Estados Unidos, isso vai levar a uma bolha”, conclui.

O gabinete de estudos do CaixaBank (um dos três maiores bancos espanhóis em número de clientes), considera que o preço das casas em Espanha vai aumentar 4% em 2022.

“Há sintomas preocupantes”, resume Gonzalo Bernardos, diretor do mestrado de Gestão e Promoção Imobiliária da Universidade de Barcelona. Mas, ainda assim, o economista vê apenas “o perigo de uma bolha light”, muito diferente da de 2008.

“Se não há crise económica e os bancos não estão a passar por grandes apuros, apenas poderá haver uma paragem do mercado e uma descida dos preços”, descreve. Essa bolha “ light” —que “nunca chegaria antes de 2024″ — ficaria a dever-se ao desequilíbrio entre a oferta de casas novas e a procura crescente.

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