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25 de abril: “Falta um esforço na educação para a cidadania”, diz Parreira de Campos

Passados 44 anos sobre a “Revolução dos Cravos”, o gestor, que presidiu à Empordef, holding do Estado para o setor da Defesa, considera que o “D” de “desenvolvimento” está a ser cumprido, ainda que seja um processo em curso.
25 Abril 2018, 08h15

Sérgio Parreira de Campos, capitão de Abril e gestor, diz que os três “D” da revolução foram cumpridos, mesmo se são ideias sempre em processo de concretização. No entanto, considera, “falta algo muito importante, o amplo reforço do entranhar da cidadania em todos os portugueses”.

Em declarações ao Jornal Económico, sobre a concretização dos três “D” previstos no manifesto do Movimento das Forças Armadas (MFA), Parreira de Campos aponta que um está cumprido, a “descolonização”, e que a “democratização, quase”. Refere que “falta um esforço na educação para a cidadania, que terá de contribuir para a formação de pessoas responsáveis, autónomas, solidárias, que conheçam, mas, sobretudo, exerçam os seus direitos e os seus deveres em respeito pelos outros, com espírito democrático e crítico, que tenda a acabar com os males da vida em sociedade, tais como o nepotismo, a promiscuidade, a corrupção e o desrespeito pelos concidadãos”.

Passados 44 anos sobre a “Revolução dos Cravos”, o gestor, que presidiu à Empordef, holding do Estado para o setor da Defesa, considera que o “D” de “desenvolvimento” está a ser cumprido, ainda que seja um processo em curso.

“É um facto que é incomparável, em todos os aspectos, a vida antes e depois do 25 de Abril, mas também é um facto que o desenvolvimento de um povo, nunca está terminado”, diz.

“Quanto a nós, portugueses, falta cumprir uma série de preceitos constitucionais, de que os maiores exemplos serão o direito à habitação, o direito à educação, e o direito à saúde e, finalmente, o direito ao trabalho. Repito, pese embora a enorme diferença entre o antes e o depois, mesmo nestas áreas”, diz, acrescentando, ainda, que “falta, igualmente, que o crescimento da economia venha a ser acompanhado pela capacidade de gerir os nossos próprios destinos, sem influências externas espúrias que decorrem de erros do passado, e que esse mesmo crescimento venha a beneficiar todos cidadãos, e não apenas alguns”.

“Só isso trará desenvolvimento, para além de um mero crescimento”, aponta.

Parreira de Campos acrescenta, no entanto, que além dos três “D” de 1974, “infelizmente, no percurso, outros ‘D’ nos apareceram, alguns por simples ignorância, outros por maléfica traição aos ideais de uma sociedade justa. Falo do ‘D’ de ‘dívida’, e do ‘D’ de ‘disparate’, que frequentemente acabam por estar ligados. Senão, veja-se, foi um disparate conduzir a dívida externa até aos limites onde foi levada. E a quantos disparates não assistimos quase todos dias?”, questiona.

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