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Alberto Fernández já é presidente de uma Argentina cada vez mais pobre

Os números são os piores dos últimos anos: mais de 40% dos argentinos está no limiar da pobreza. Quando Macri chegou à presidência, a percentagem era de 33%. A China já convidou o novo presidente a visitar o país.
11 Dezembro 2019, 07h40

Alberto Fernández assumiu esta terça-feira a presidência da Argentina e durante quatro anos, segundo o que está previsto, será acompanhado por Cristina Fernández de Kirchner –antiga presidente – na qualidade de vice-presidente. Fernández jurou como presidente numa cerimónia que durou duas horas durante a qual o líder peronista recebeu a presidência do seu antecessor, Mauricio Macri.

No topo da agende de Fernández está a luta contra a pobreza – afinal, a mesma luta que levou Macri à presidência sem que o flagelo tivesse sido ultrapassado: o pais está mais pobre que no ano em que o neo-liberal chegou ao poder (2015). De facto, e segundo dados avançados pela imprensa do país, três em cada dez (33%) argentinos eram no início da presidência de Macri, mas em meados de 2019 esse valor cresceu para 35,4%.

Na passada quinta-feira, o Observatório da Dívida Social Argentina da Universidade Católica da Argentina (UCA) divulgou os piores dados sobre a situação social desde a crise económica de 2001-2002: 40,8% da população da Argentina vive abaixo da linha da pobreza e quase 9% estão numa situação extrema.

Aparentemente, há um consenso generalizado no país segundo o qual a pobreza continuou a aumentar desde 2015, impulsionada pela inflação recorde em 28 anos (mais de 40%) na Argentina que Macri. O desemprego e a precariedade fizeram o resto.

Esse é claramente o grande desafio de Fernández. O novo presidente já anunciou um plano imediato contra a fome, que será liderado pelo ministro do Desenvolvimento Social, Daniel Arroyo. Entre as medidas em preparação está um cartão subsidiado de alimentos para quase dois milhões de pessoas que têm dificuldade em comprar alimentos – num país que está entre os maiores exportadores agrícolas do mundo.

Mas o desemprego será, de forma mais consistente para a economia, ao grande desafio do peronista, que para isso terá de apostar no aumento do investimento e ir à procura pelo mundo do dinheiro que não há no país.

De concreto, Fernández já tem nas mãos um convite do presidente da China, Xi Jinping, para visitar o país em pouco tempo – o que só pode ser uma boa notícia para os argentinos. A América do Sul é uma das geografias que faz parte dos planos de expansão da poderosa economia do Império do Meio e a Argentina é um dos países mais importantes do sub-continente. O tradicional despique de desempenhos com o Brasil pode ser mais um aliciante para a China se colocar ao lado dos argentinos.

O entendimento entre o Brasil e a Argentina está, como seria de esperar, a passar por um mau momento: Jair Bolsonaro recusou o convite que lhe foi endereçado para estar presente na cerimónia e as suas palavras quando soube da vitória de Fernández na Argentina não deixam dúvidas sobre a evidência de que os dois países estão em lados opostos. O vice-presidente Hamilton Mourão representou o Brasil.

Os presidentes do Uruguai, Paraguai e Cuba foram os únicos presentes na cerimónia – com o chileno Sebastián Piñera a ter de suspender a sua viagem por causa do desaparecimento de um avião militar do país com 38 pessoas a bordo.

 

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