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5G com impacto superior a 3 mil milhões de euros na economia portuguesa até 2030, estima Roland Berger

Nova vaga tecnológica será um dos principais catalisadores de valor económico a nível mundial na próxima década. 5G terá um impacto de três mil milhões nos próximos dez anos, sendo que até 2035 a “criação de valor” dispara os 35 mil milhões. Em Portugal são as indústrias de media, manufatureira, agrícola, energia e utilities e saúde que mais beneficiarão do 5G.
15 Outubro 2020, 08h15

A implementação e o desenvolvimento da quinta geração da rede móvel (5G) vai gerar um impacto de 7,65 biliões de euros na economia mundial até 2030, com a economia portuguesa a beneficiar de um impacto de 3,4 mil milhões de euros nos próximos dez anos, estima a consultora Roland Berger num estudo a que o Jornal Económico teve acesso.

O managing partner da Roland Berger, António Bernardo, explica ao Jornal Económico que se tratam de valores, “através do aumento da competitividade das empresas, e do surgimento de novos serviços e modelos de negócio inovadores”.

A nova vaga tecnológica será um dos principais catalisadores de valor económico a nível mundial e em Portugal estima-se a criação de valor na ordem dos 35 mil milhões de euros até 2035, o “equivalente a um impacto anual de  um ponto percentual acrescido ao PIB nacional, beneficiando transversalmente todos os setores económicos, sobretudo pelo aumento da competitividade e surgimento de novos modelos de negócios, em particular nas pequenas e médias empresas”, adianta a consultora germânica.

Na base deste cálculo, está a estimativa de que o 5G vai assegurar “um acréscimo de receitas médio de 5%” em “todos os setores económicos”, em todo o mundo, em 2035.

A consultora confia nos números observados, uma vez que “alterações de paradigmas tecnológicos no passado têm gerado um notável valor económico”, segundo António Bernardo. Contudo – diz o gestor – os valores estarão “condicionados à capacidade do país e, particularmente, do tecido empresarial de capitalizar no 5G para arranjar novas formas de fazer negócio e gerar valor”.

Alavancando a experiência e know-how no apoio aos principais stakeholders públicos e privados dos setores das telecomunicações, media e tecnologias (TMT), a Roland Berger aponta que o 5G terá em Portugal um impacto-chave em oito indústrias: media; manufatura; segurança; agricultura; energia e utilities; saúde; automóvel; transportes públicos.

Ora, o 5G vai fomentar o crescimento socioeconómico, com todos os setores económicos a beneficiarem do 5G. Mas entre as indústrias referidas, há três que vão ver o seu volume de negócios crescer acima dos 5% nos próximos 15 anos se adotarem a nova vaga tecnológica. De acordo com a Roland Berger, são as industrias nacionais de media (10,7%), manufatureira (5,4%) e agrícola (5,3%) que mais condições terão de aumentar exponencialmente as suas vendas com o 5G.

De que forma? No caso da indústria de media, o “aumento massivo do tráfego de dados vai elevar a qualidade do serviço”. Já a indústria manufatureira vai estar habilitada a suportar plataformas de comunicação “mais resilientes, mais seguras e com reduzia latência, o que vai beneficiar a operação dos complexos industriais”. Na agricultura, por sua vez, o 5G vai habilitar esta indústria a desenvolver “equipamento agrícola automatizado”.

Ainda que abaixo de aumentos na ordem dos 5%, as vendas na área de energia e utilities (3,9%) e na área da saúde (3,9%) também vão crescer com a implementação do 5G. A primeira vai ter condições para “controlar em tempo real sistemas e geradores de energia em locais sem instalação de redes de fibra”, enquanto a inovação promovida pelo 5G vai assegurar “cuidados de saúde remotos” na segunda, de acordo com a consultora alemã.

“O 5G vem possibilitar às empresas portuguesas novas formas de chegar ao consumidor final, alargando as suas áreas de atuação em termos geográficos e/ou em termos de portfólio de serviços. Mas isso é apenas a parte mais visível, também internamente a tecnologia irá facilitar as suas operações, permitindo a digitalização de processos ou modelos de trabalho mais flexíveis”, argumenta o managing partner da Roland Berger.

“Há toda uma economia digital que poderá despontar, mas que dependerá da iniciativa e capacidade dos nossos empreendedores de inovar”, conclui.

A previsão da Roland Berger é apresentada no mês em que o leilão das frequências do 5G deverá ocorrer, de acordo com o calendário da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) ajustado ao contexto pandémico. Contudo, nenhuma indicação ou data para o início do leilão foi avançada pelo regulador, que também ainda não divulgou a aprovação do regulamento final do procedimento – algo que deveria ter acontecido em setembro.

O estudo da Roland Berger não é o primeiro a incidir sobre o impacto da nova geração da rede móvel em Portugal. A Ericsson apresentou, em novembro de 2019, a estimativa de que o 5G poderá “desbloquear” quatro mil milhões de dólares (cerca de 3,6 mil milhões de euros) na economia nacional até 2030. Mas, ao contrário do estudo da Roland Berger que previu um impacto na economia, o estudo da Ericsson apenas considera o valor que poderá ser capturado pelas empresas prestadoras de serviços TIC. Turismo, portos e indústria manufatureira foram apontados pela Ericsson como as principais áreas a beneficiar do 5G na próxima década.

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