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5G: Dense Air espera que Anacom antes do Natal anuncie “reconfigurar o espetro”

Questionado sobre o atraso no desenvolvimento do 5G em Portugal, o CEO da Dense Air, Paul Senior, admitiu que o plano para o ‘roll-out’ do 5G “foi adiado em setembro”.
  • Presidente executivo (CEO) da Dense Air, Paul Senior, (E) e o diretor-geral Tony Boyle (D)
17 Outubro 2019, 18h10

O imbróglio em torno das frequências do espectro 3,5Ghz, necessárias para o desenvolvimento da quinta geração móvel (5G) poderá ganhar novos contornos até dezembro deste ano. Num encontro com jornalistas, em Lisboa, o CEO da britânica Dense Air, Paul Senior, disse esperar que a Autoridade Nacional das Comunicações (Anacom) aceite  “reconfigurar o espetro” e que a empresa está pronta para iniciar a sua operação comercial no início de 2020, quando estiver concluída a migração do espectro da faixa de 700 MHz da TDT (detida pela Meo), para dar lugar ao 5G.

Paul Senior acompanhado pelo diretor-geral da tecnológica britânica, Tony Boyle, explicou que a empresa está em conversações com a Anacom há dezoito meses, mas que o processo estará perto do fim. “A Anacom ainda está a considerar a nossa proposta, mas estamos próximos da conclusão”, afirmou ao Jornal Económico.

O objetivo é ajustar o ajustar o espectro 3,5 GHz com novas normas, algo que Senior e Boyle disseram nada ter a ver com a libertação da faixa dos 700 MHz. No entanto, os serviços da Dense Air complementam e, paralelamente, dependem das três principais operadoras portuguesas de telecomunicações (Altice, Vodafone e NOS).

Para implementar o 5G em Portugal, a Anacom tem de garantir ao mercado a libertação dos 700 Mhz e espaço suficiente nas frequências do espectro 3,5 Ghz. Contudo, a Dense Air detém uma licença de Direito de Utilização de Frequências (DUF) precisamente para o espectro dos 3,5Ghz, válida até 2025, e não vai querer abrir mão dela, mas aceita diminuir a dimensão desse espectro por si controlado. Daí a proposta de ‘reband’, isto é, reconfiguração do espectro.

Presidente executivo (CEO) da Dense Air, Paul Senior | Foto cedida

Dessa forma, explicou Paul Senior e Tony Boyle, as outras operadoras poderão aceder ao 5G e a Dense poderá continuar a usufruir da licença que detém.

“É do nosso interesse que o 5G seja lançado, queremos libertar o espectro para todos os operadores”, argumentou Senior, que não vê problema algum no facto de a empresa ter o DUF.

Questionado, o CEO da Dense Air disse que não se trata de dinheiro: “Não pedimos nada, só que o 5G seja lançado”.

Facto é que a o facto de a Dense Air deter um DUF necessário ao desenvolvimento do 5G espoletou tomadas de decisão das telecom, nomeadamente da NOS e da Vodafone que já processaram a Anacom pelo alegado atraso no 5G motivado pela empresa britânica.

“Magic Box” da Dense Air. A empresa instala estas células, por exemplo, em edifícios onde a cobertura móvel é fraca para melhorar o sinal de rede que chega a cobrir uma área até 2 mil metros quadrados | Foto cedida

“Estamos igualmente impacientes, mas a solução tem de prever o bem de todos”, disse Paul Senior aos jornalistas.

Questionado pelo atraso no desenvolvimento do 5G em Portugal, o CEO da Dense Air admitiu que o plano para o roll-out do 5G “foi adiado em setembro”, porque ainda não há espaço para todos as operadoras de telecomunicações. “Há um atraso, claro”, disse Senior.

Mas recusou que esse atraso seja provocado pela Dense Air, indicando que é o facto de a a libertação das faixa da TDT (detida pela Meo) ainda não ter acontecido que está a atrasar o processo.

“Mal haja um plano para as frequências 5G estamos prontos para lançar os nossos serviços”, assegurou.

Este encontro com jornalistas serviu também para a Dense Air anunciar a sua estratégia para o 5G em Portugal e explicar oficialmente o seu modelo de negócio. Senior e Boyle explicaram que a Dense Air não entrou em Portugal para fazer negócio com o DUF que detém, mas para investir num negócio que beneficia do 5G e complementa os serviços oferecidos pelas operadoras de telecomunicações. Os seus clientes são as operadoras.

Dense Air planeia lançar já em 2020 serviços de extensão e densificação para o 4G e 5G, “idealmente sob um novo plano para que outras licenças sejam concedidas”.

O modelo de negócio desta empresa detida por britânicos e japoneses é fornecer cobertura de rede dentro de edifícios, nomeadamente para o 5G. Essa cobertura é assegurada a partir da instalação de uma célula 5G, que dá pelo nome de “magic box”.

A empresa instala essas células, por exemplo, em edifícios onde a cobertura móvel é fraca para melhor o sinal de rede que chega a cobrir uma área até 2 mil metros quadrados.

Em Portugal, a Dense Air também quer investir na cobertura de rede em áreas rurais.

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