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80% das empresas do sector das agências de viagem estão em lay-off ( com áudio)

Pedro Costa Ferreira assumiu ainda que em 2019, antes da pandemia começar a fazer baixas, “o sector das agências de viagens estava em franca expansão com bons números económicos”. “Tinha acabado de bater o recorde de emissões de passagens aéreas, com mais de mil milhões de passagens aéreas emitidas por agências em Portugal”, evidenciou na Comissão Eventual de Economia.
30 Março 2021, 13h12

Em resposta aos partidos durante a Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, revelou que 80% das empresas do sector estão em lay-off e que “praticamente todas as empresas recorreram aos apoios”.

Uma questão transversal a todos os partidos que estiveram presentes na audição parlamentar (CDS-PP, Bloco de Esquerda, PS e PSD) foi a dos apoios entregues e requeridos pelas empresas do sector. Em resposta a Filipa Roseta do PSD, Pedro Costa Ferreira disse que “80% do nosso sector está em lay-off, praticamente todas as empresas recorreram aos apoios, nomeadamente ao Apoiar, portanto grande parte das empresas estão a beneficiar desses apoios”.

“Quando vão voltar à vida?”, questionou-se o presidente da APAVT, referindo-se à paragem obrigatória da atividade por parte das empresas de viagens e turismo, sustentando em seguida que este regresso “depende de como vamos conseguir organizar o voltar à vida”. “Se nós conseguirmos prosseguir com a vacinação, tirar o medo das pessoas e voltar a trabalhar e viver, acho que muitos de nós vamos resistir. Se vamos resistir todos? Julgo que à maior crise de sempre, em nenhum ponto da economia vão resistir todos”, realçou.

À deputada Isabel Pires, Pedro Costa Ferreira notou é necessário “melhor o tempo que passa entre o anúncio e a efetividade” do recebimento dos apoios. “As últimas tranches do Apoiar Rendas e Apoiar.pt ainda não começaram a ser pagas. Começámos esta semana a receber respostas se estão aprovadas ou não, e esperamos que sejam pagas de forma célere”.

“Seria importante que se conseguisse descomplicar esta questão do lay-off não escondendo a importância vital que teve para as empresas a sua existência até agora. Mas tem mudado muito o sistema: no início tivemos uma entrada quase que abstida nesta história com muitas alterações e dúvidas. Fomos ganhando alguma estabilidade e seria importante que continuássemos a descomplicar administrativamente a adesão a estes sistemas”, apontou a Cecília Meireles na questão do lay-off.

A Nuno Fazenda do PS, Pedro Costa Ferreira admitiu que os apoios são significativos mas que não chegam. “Os apoios são significativos, foram fundamentais para as empresas continuarem vivas mas continuam insuficientes”, notou. O responsável da organização elogiou ainda o sistema de apoios montado pelo ministro da Economia e pela secretária de Estado do Turismo, considerando-o como “um sistema de apoios dinâmico, e concordamos com isso pois não era possível nem necessário que todos os apoios apareçam num primeiro momento, eles têm de aparecer à medida que a crise se desenvolve e é isso que tem acontecido, mas com algum atraso”, notou.

Ainda assim, Pedro Costa Ferreira apontou que as empresas estão a conseguir manter o emprego durante a crise sanitária, sendo esta “a maior, e quase única, preocupação dos empresários”.

Pedro Costa Ferreira assumiu ainda que em 2019, antes da pandemia começar a fazer baixas, “o sector das agências de viagens estava em franca expansão com bons números económicos”. “Tinha acabado de bater o recorde de emissões de passagens aéreas, com mais de mil milhões de passagens aéreas emitidas por agências em Portugal”, evidenciou.

Volvidos dois anos e uma pandemia com várias vagas, o presidente da APAVT sustenta que o “momento da retoma será o mais desafiador em termos económicos”, acrescentando que “ninguém vai voltar de boa saúde”, voltando à economia “empresas endividadas, empresários endividados e empresas tecnicamente falidas”. Ainda assim, Pedro Costa Ferreira acredita que estas “são provavelmente empresas que daqui a três anos estarão recuperadas e capazes de manter o emprego”.

Relativamente à viabilidade das empresas após a pandemia e na retoma económica, em resposta a Cecília Meireles do CDS-PP, o presidente da APAVT esclareceu que “o principal é saber que empresas eram viáveis em 2019” porque as normas de acesso aos apoios estão a seguir as empresas que seriam viáveis no ano anterior à pandemia. “Temos pena que em mais modelos de apoio não seja possível ao empresário corrigir alguns desequilíbrios que pudesse ter em 2019 porque se o empresário acredita na empresa, todos os que estão a apoiar deviam acreditar, sobretudo se entra com o seu próprio dinheiro”.

Ainda sobre a retoma económica, o responsável relembrou que as empresas ainda estão hoje sem trabalhar. “Esperamos reabrir com os processos de desconfinamento. Na retoma, o que mais de importante temos de fazer é vacinar e simplificar”, disse, lembrando o exemplo do processo de vacinação na China e em Israel, onde a maioria da população já regressou ao normal.

“Do nosso ponto de vista, as reservas ainda estão muito em baixa, mas se conseguirmos vacinar, simplificar a harmonizar as viagens, os vacinados e muitos testes negativos têm de poder viajar livremente e julgo que ainda vamos a tempo de fazer algumas reservas de última hora importantes, até porque o desejo de viajar está aí assim nos deixem, pelo menos, tirar passaportes que é um direito básico das pessoas”, sublinhou.

Ao abordar o tema moratórias, questionado pelo CDS-PP, o presidente da APAVT relembrou que os “desenhos de recapitalização que o Governo tem anunciado tem de sair antes do fim das moratórias” e que espera “que estes desenhos, que têm bases em fundos europeus e regras por causa dessa mesma base que achamos que vão afastar as empresas mais pequenas, o importante é desenhar estes sistemas com capacidade de capital com dívida a longo prazo que depois pode ser ou não passada a capital para as grandes empresas”. “Para as empresas pequenas acho que teríamos de arranjar uma solução próxima do programa Apoiar porque é simples, tem funcionado e era acertar uma tranche para as pequenas e micro empresas, e a partir daí sair das moratórias”.

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