A cidade não é inteligente, a forma como trata e aborda os desafios que enfrenta é que é inteligente. A forma como os seus governantes encontram soluções para que os seus cidadãos sejam felizes é que é inteligente, a participação e contribuição activa do cidadão na vida da comunidade que compõe a cidade é que é Inteligente. Sendo a cidade dos cidadãos, com os cidadãos e para os cidadãos, então por fim é este que tem de ser inteligente.

O ritmo acelerado de crescimento dos centros urbanos, a exposição a intempéries e choques climatéricos cada vez mais atípicos e imprevisíveis, uma subida acentuada dos níveis esperados de vida e a aspiração natural mas cada vez mais exigente do cidadão em ser feliz, são todos desafios que aguçam o engenho que alimenta as abordagens inteligentes.

Gostaríamos de destacar alguns desafios e algumas boas perguntas nesta jornada inteligente das cidades.

O primeiro será inevitavelmente a informação. O uso sistemático e lógico de inúmeras fontes de dados de uma forma inteligente que permita à cidade medir o pulso da sua actividade, que permita perceber cada um dos seus cidadãos e que permita prever e antecipar potenciais situações fora do registo normal. Esses dados não pertencem só às entidades governamentais que gerem a cidade, pertencem sim a todas as entidades públicas e privadas que contribuem para a experiência urbana do cidadão, tornando assim menos óbvia a sua partilha sem que antes existem um mecanismo de compensação que torne a situação vantajosa para todos. Este será o primeiro e talvez o mais complexo mas primordial desafio.

Seguidamente vem o financiamento. As formas de financiamento tradicionais reduzem-se a impostos ou dívida, ambos já explorados e aplicados ao limite tanto do tecido social como da capacidade do próprio Estado. Por outro lado as conhecidas PPPs (parecerias publico privadas) que têm uma aplicação prática alinhada com a tangibilidade dos bens que financiam assim como as fontes contínuas de receita que geram, algo bastante diferente dos projectos. Assim tem de se ser inteligente na forma como se envolve o sector privado, por exemplo na melhor gestão dos activos públicos.

Outro desafio será a Governança, a forma como se consegue coordenar, gerir e implementar iniciativas que envolvem diversas entidades e sectores, muitas delas que nem estão sob o controlo da cidade, de forma a que no final seja o cidadão o beneficiado. Este nível sofisticado de organização está grande parte das vezes na origem do sucesso das abordagens mais inteligentes. Existem inclusive muitos casos de estruturas organizativas criadas de propósito e em exclusivo para a coordenação de iniciativas inteligentes.

Outro desafio é a inexistência, ainda, de melhores práticas ou abordagens padrão que possam servir de exemplo. A chave aqui tem sido muito a adaptação de cada abordagem à realidade de cada cidade. No entanto deverá vir a ser possível ter alguns padrões a seguir, tipificando os desafios encontrados.

Finalmente a tecnologia, a ignição do movimento de digitalização e seu principal combustível. O ritmo alucinante de novas tecnologias cria não só falta de foco por parte das cidades e organizações com levanta a questão se estas se conseguem manter a par de tantas e tão rápidas mudanças. Fica sempre a ideia de que não vale investir hoje pois amanhã vai estar obsoleto.

Para a cidade chegar ao futuro tem de ser inteligente na abordagem destes desafios e nas repostas às perguntas que originam, e quanto melhor a pergunta, melhor será a resposta, melhor funcionará a cidade.