Ocorreu recentemente em Lisboa, e bem, o 1º Fórum de Economistas da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), uma oportunidade para estabelecer um ponto de situação face a múltiplos pontos de agenda que se têm arrastado do ponto de vista não apenas económico mas também político.

Um desses pontos, levantados pelo ministro das Finanças de Cabo Verde, Olavo Correia, que participou no encontro na qualidade também de representante da presidência rotativa da CPLP que Cabo Verde atualmente exerce, foi a pertinência da criação de um banco de desenvolvimento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, tema esse que deverá regressar à discussão em Julho próximo, no âmbito da reunião dos ministros de Negócios Estrangeiros dos países que integram a CPLP.

A ideia de criar um instrumento financeiro da CPLP para apoio ao financiamento de projetos, incluindo a atividade seguradora e de capital de risco, não é nova. E isso mesmo foi muito bem referido pelo secretário-geral da UCCLA, Vitor Ramalho, na passada semana. Assim como não é novo o tema, politicamente mais sensível e abordado por Marcelo Rebelo de Sousa, da livre circulação de pessoas entre os países da Comunidade. O nosso Presidente da República salientou aliás que esse “é outro grande desafio” da CPLP, considerando que esta “ambição deve ser elevada à máxima potência”, uma vez que “aqui se joga muito do futuro da comunidade”.

Assegurada desde há muito a partilha do Português como língua de base identitária partilhada, para além obviamente de outras nacionalmente existentes; reconhecidos os laços culturais como plataforma de entendimento, resta “apenas” dar o salto necessário para que a CPLP se torne efetivamente um espaço económico e social com o mínimo de barreiras à livre circulação de pessoas e bens, potenciando instrumentos eficazes de apoio e combatendo a gigantesca burocracia ainda existente. É isso que desejam os Estados e é isso que desejam as empresas e os cidadãos.

Obviamente que a estabilidade política é uma condição “sine qua non” para que isso se verifique. Mas todos os indicadores apontam para que não tenha existido outra altura melhor do que esta para que se passe definitivamente das intenções aos atos.

Esta é uma decisão, aliás, que tem como interessados países como o Japão, que ainda no final do ano passado revelou interesse, como observador associado, em fomentar o relacionamento económico com os Estados lusófonos e promover o português no Japão. Segundo os dados mais recentes, no ano passado o Japão investiu em África cerca de mil milhões de euros, tendo em Moçambique o segundo maior destino de investimento e ajuda oficial ao desenvolvimento, no valor de 128 milhões de euros.

Saibamos pois dar continuidade fáctica a esta realidade consensual e caminhar de forma célere para que, no mais curto prazo possível, estejamos a debater os passos dados e não a partilhar mensagens imbuídas de vontades, por melhores que elas sejam e são.