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“A Era dos Muros”: entender o que nos divide no passado e no presente

A sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.
  • Marta Teives
20 Julho 2019, 10h07

Os muros estão a crescer. As políticas nacionalistas estão em ascensão. Milhares de quilómetros de vedações foram erguidos nos últimos dez anos e estão a redefinir a nossa paisagem política.

Existem muitas razões para se erguerem muros. Na Europa, as ruturas da última década ameaçam não só a unidade europeia, mas também, em alguns países, a própria democracia. Aliás, uma das primeiras promessas da alemã Ursula von der Leyen, escolhida recentemente pelo Conselho Europeu para suceder a Jean-Claude Juncker à frente da Comissão Europeia, é precisamente um endurecimento relativamente à Hungria, país que tem minado consecutivamente uma política europeia em prol do acolhimento de refugiados, defendendo ao invés uma forte restrição da entrada de imigrantes, e fomentando inclusive a construção de muros.

 

 

Neste aspeto, como noutros, Viktor Orbán encontra uma alma gémea no presidente Trump, que tem tentado, desde que foi eleito, construir um muro na fronteira do México (de que existem já várias secções, algumas deles erigidas, aliás, ainda durante a presidência Obama), explorando um sentimento de medo dos norte-americanos pelos seus vizinhos a sul.

Na China, onde alguns troços da Grande Muralha datam do século VII a.C, a necessidade de conter as divisões forjadas pelo capitalismo definirá o futuro da nação e os muros de que o autor fala são os que impedem o livre acesso à internet.

Se, no século I d.C., o imperador romano Adriano erigia uma muralha de 120 quilómetros a separar o império dos bárbaros do que é hoje a Escócia, no século XX foi o conflito irlandês a ditar a construção de muros. Em Belfast, são cerca de cem, por incrível que nos pareça, a nós portugueses, com as nossas fronteiras terrestres tão definidas há tantos séculos e, agora, tão abertas.

Entender o que nos divide, no passado e no presente, é essencial para compreender tudo o que se está a passar no mundo. Em “A Era dos Muros”, Tim Marshall volta a debruçar-se sobre territórios que conhece bem. Num outro livro, “Prisioneiros da Geografia”, igualmente publicado em português pela Desassossego, o autor, jornalista há mais de 25 anos, analisava dez mapas que revelam ao leitor “tudo o que precisa de saber sobre política internacional”, área em que se tem destacado.

Agora, vem de novo fazer uma demonstração da importância da geografia na história do mundo, sendo particularmente interessante quando se debruça sobre realidades mais arredadas dos nossos noticiários, como no caso do Bangladesh, um país encurralado entre a sistemática subida das águas e a Índia.

O seu mais recente livro, ainda sem edição em Portugal, “Shadowplay: Behind the Lines and Under Fire. The Inside Story of Europe’s Last War”, é dedicado à guerra da Jugoslávia, nos anos 1990.

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