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A foto que está a comover Espanha e o mundo: “O bebé estava gelado”

A fotografia de Juan Francisco Valle, um guardia civil de 41 anos, a salvar um bebé migrante de meses, cuja família estava a tentar entrar em território espanhol, correu o mundo.
  • Guardia Civil
20 Maio 2021, 11h15

A imagem de um polícia espanhol a retirar um bebé de poucos meses da água no Mar Mediterrâneo está a comover Espanha e o  mundo. O momento partilhado pela Guardia Civil está também a chamar a atenção para a questão dos migrantes africanos e asiáticos que procuram chegar à Europa em busca de uma vida melhor, e também de como são usados como peões nos conflitos diplomáticos entre Madrid e Rabat.

“Pegámos no bebé, ele estava congelado, com frio, não gesticulava”, revela o agente espanhol Juan Francisco Valle em entrevista ao “El País”. A família da criança são migrantes que estavam a tentar entrar em território espanhol, no enclave de Ceuta, localizado no norte de Marrocos.

O guardia civil de 41 anos faz parte do Grupo Especial de Atividades Subaquáticas (GEAS) de Ceuta, e passou praticamente dois dias inteiros na água  com a sua equipa. “Dormimos oito ou 10 horas no total desde domingo”, garantiu Juan Valle depois de regressar do trabalho nas águas fronteiriças de Espanha e Marrocos.

Desde esta segunda-feira, mais de oito mil migrantes tentaram entrar em Espanha, através de Ceuta, oriundos de Marrocos. A crise humanitária já é considerada uma das maiores ondas migratórias dos últimos tempos.

Juan Valle admitiu que não sabe se o bebé “gelado” que resgatou é um menino ou uma menina e recordou que quando o tirou da água, não sabia “se estava vivo ou morto”. A Guardia Civil confirmou que a criança está bem e em segurança, embora não revelem a sua localização.

O herói do momento, que também é conhecido como Juanfran, já foi militar e trabalhou como mergulhador de resgate na Marinha. Ingressou na Guardia Civil há 12 anos como mergulador.

O responsável garante que está treinado para enfrentar “quase qualquer situação no mar”, mas nunca antes encontraram “uma maré humana” como esta, com “centenas de desesperados”.

“O nosso trabalho habitual consiste em resgatar os corpos dos mortos nas águas, sejam eles do mar, de um pântano ou de um rio. Mas desta vez tivemos que resgatar pessoas vivas, de todas as idades, em todas as condições, e discriminar tantas pessoas na água que precisavam de nossa ajuda com maior urgência ”, explica Juan Valle.

“Havia muitos pais e mães com seus filhos amarrados como podiam”, descreveu Juan Valle.

A Guardia Civil conta que os seus agentes “têm tirado crianças, mulheres, jovens, idosos” desde a madrugada de segunda-feira. Nas redes sociais, a instituição conhecida por “la benemérita” partilhou ainda fotos do momento em que “salvaram a vida de dezenas de crianças que chegaram a Ceuta através do mar com as suas famílias”.

A força de segurança espanhola lembrou ainda que, apesar de salvar a vida de muitos, não conseguiu  alcançar todos, como o jovem migrante que se afogou nesta terça-feira, a única fatalidade da enchente migratória.

 

 

 

 

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