O Banco de Portugal divulgou recentemente dados muito animadores sobre as empresas. Os indicadores de rendibilidade e de financiamento estão a melhorar de forma muito consistente, no entanto, estas são notícias que ainda têm pouco reflexo no dia-a-dia das PME.

À data de hoje, a realidade é outra.

O problema de capitalização das PME mantém-se e, apesar dos vários instrumentos de apoio ao financiamento que têm sido anunciados, as entidades bancárias continuam a não conseguir corresponder de modo desejável e satisfatório às necessidades destas empresas. Este é um problema que temos de enfrentar com realismo e que precisamos resolver com urgência, tanto mais se tivermos em conta que o tecido empresarial português é composto, na sua esmagadora maioria, por esta tipologia de empresas.

Compreende-se, naturalmente, os constrangimentos e as pressões a que a Banca está sujeita, motivos que levam a que oferta de crédito esteja direcionada para um grupo muito restrito de empresas. No entanto, há um conjunto significativo de PME, com projetos empresariais consolidados e com encomendas em carteira e que, por vicissitudes diversas, que não conseguem encontrar uma resposta para as suas necessidades de financiamento. Se é verdade que começam a ser sentidas algumas melhorias, não é menos verdade que as dificuldades de financiamento continuam a ser o maior problema das empresas.

Consideramos que as propostas deste Governo, no âmbito do Plano Nacional de Reformas, vão no sentido correto. Nesse sentido, só podemos desejar a sua rápida operacionalização, o que não está ainda  a acontecer. Entendemos ser absolutamente necessária a implementação da Linha de Financiamento a Operações de Capital Reversível, aplicável a todas as regiões do país, e que não esteja dependente da aprovação das entidades bancárias, o que pode comprometer a eficácia desta medida.  Defendemos que a Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD) possa ter aqui um papel preponderante.

Outra das nossas expetativas passa pelas anunciadas mudanças de funcionamento das Sociedades de Garantia Mútua, nomeadamente, por uma maior harmonização de prazos e procedimentos no âmbito da aprovação do crédito às empresas, assim como pela criação de um comité específico para operações sindicadas, algo que consideramos muito importante.

A Nersant apoia ainda a criação de uma linha de crédito complementar à linha criada pelo IFD, que, por ser financiada pelos fundos comunitários, tem muitas restrições de acesso que as linhas nacionais não têm.