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“Moeda digital do Facebook vai mesmo ser lançada no início de 2021. É um produto muito especial”

Diogo Mónica, cofundador e presidente da fintech luso-americana Anchorage, é um dos rostos por trás da associação que está a desenvolver a moeda digital do Facebook, que mudou recentemente de “Libra” para “Diem”. “Não posso adivinhar o futuro, mas estou confiante”, diz ao Jornal Económico.
30 Dezembro 2020, 17h45

O cofundador e presidente da fintech luso-americana Anchorage é um dos rostos por trás da moeda digital do Facebook, que mudou recentemente de “Libra” para para “Diem”. Ao Jornal Económico, o empreendedor Diogo Mónica conta como as grandes instituições financeiras foram mudando de perspetiva perante as criptomoedas.

Diogo Mónica pertence ao Technical Steering Committee da Diem. As últimas informações apontam para o lançamento desta moeda virtual em janeiro e com base no dólar. Confirma-se?

Este projeto existe há cerca de três anos, antes de ser tornado público, e temos estado associados a ele desde o início com conselhos na parte criptográfica e sistemas distribuídos. A associação está a correr bem e está a haver muito mais desenvolvimento sem o foco dos media. Sim, vai ser lançada no início de 2021. O número de empresas que se está a juntar é cada vez maior e o tipo de integrações com os sistemas tradicionais também está a aumentar de forma muito interessante. Claro que continua a ser um projeto que tem risco regulatório, de interesse dos clientes, mas tem um objetivo que vale a pena: responder aos underbankeds, que não têm acesso a contas bancárias ou ao sistema financeiro e/ou que estão em países em que há hiperinflação e, portanto, o valor do dinheiro do país continua a desvalorizar e precisam de uma alternativa.

Na altura houve reguladores que se mostraram apreensivos, países como França, Itália e Alemanha quiseram proibir esta ‘stablecoin’…

Obviamente que não posso adivinhar o futuro, mas estou confiante. A Anchorage continua a ser um dos principais membros a puxar para a frente. Eu estou no comité do conselho de administração que decide o roadmap e o futuro da Diem, portanto tenho um bocadinho de insight do que aí vem e posso dizer que em termos de tecnologia e de serviços é um produto muito especial. Espero que o público veja no projeto o que nós vemos internamente.

Quando entrei nesta sala estava a olhar para o ecrã com a valorização da bitcoin. Como é que vê os recordes do final deste ano?

Mais do que ir para cima ou ir para baixo, para mim importa que o preço esteja certo. Uma das coisas que está a manter as grandes instituições fora das criptomoedas é o facto de não haver entidades com regulação, regulamentadas, com os serviços e os produtos a que elas estão habituadas no mercado tradicional. Era muito difícil em 2017 uma instituição grande entrar no mercado de criptomoedas, não só bitcoin. Era muito difícil. Não havia serviços de custódia nem de compra e venda, lending. Em 2020 é completamente diferente e em 2021 vai ser completamente diferente. Em 2017, no último pico, era muito claro que era o retalho a comprar bitcoin, a entrar no mercado e a elevar a avaliação para 20 mil dólares. Hoje, quem está a fazer subir o preço é a procura e a procura vem de instituições, que têm feito o seu trabalho de casa e decidiram que é a altura certa. As instituições, que é com quem trabalhamos (bancos, investidores, fundos, traders, familly offices…), têm feito compras muito interessantes.

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