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COO da Outsystems: “Independentemente das receitas, importa-nos ver inovação a sair de Portugal”

Carlos Alves, chefe de operações da tecnológica portuguesa, diz ao Jornal Económico que a nova plataforma de aplicações que será oficialmente lançada em 2022 permitirá às empresas sem orçamentos de engenharia como os da Uber ou da Netflix criarem para os clientes a mesma experiência de utilização e rapidez que a dupla de gigantes.
2 Dezembro 2021, 07h54

A tecnológica portuguesa Outsystems, que vale mais de 9,5 mil milhões de dólares, é uma das empresas presentes no evento anual de cloud computing da Amazon Web Services (AWS), o re:Invent, que decorre em Las Vegas até sexta-feira. Em entrevista ao Jornal Económico (JE), o Chief Operating Officer deste unicórnio conta que britânica International SOS Assistance será das primeiras a utilizar a nova plataforma de aplicações desenvolvida pela Outsystems, que teve de duplicar a equipa de equipa de engenharia para cerca de 400 pessoas. “Não é fácil [recrutar talento altamente qualificado]. Sabemos o que queremos e passámos muitos anos a pensar no que é o futuro do desenvolvimento de software, das aplicações e da cloud. Conseguimos transmitir essa paixão às pessoas. Muitas vezes o que move estes engenheiros é o propósito”, diz Carlos Alves ao JE.

Há duas semanas apresentaram a “Project Neo”, que será oficialmente lançada em 2022, como uma plataforma da próxima geração. Em que consiste? Como é que será uma mais-valia para as organizações?

A nossa história mostra que, ao longo dos anos, temos desenvolvido tecnologia de desenvolvimento aplicacional sempre dando aos nossos clientes a mesma facilidade de utilização tirando partido das tecnologias mais modernas na componente operacional. Transitámos a nossa tecnologia para a cloud há sete ou oito anos e agora há uma oportunidade de modernizar a nossa tecnologia para tirar partido das tecnologias mais avançadas que estão disponíveis na cloud. Sem entrar em detalhes tecnológicos, o que é que isto permite aos nossos clientes? Por exemplo, a International SOS Assistance é uma empresa que tem uma operação global, portanto, precisa de servir os seus clientes em todo o mundo e isso implica ter uma solução de cloud que está efetivamente distribuída pelo mundo inteiro, que funcione com um grau de rapidez esperado da mesma forma como quando se utiliza Netflix ou Uber, a mesma experiência de utilização, de qualidade e de disponibilidade. Isto é possível para empresas que não têm o mesmo orçamento de engenharia que tem a Netflix ou a Uber fazer com Outsystems. Ou seja, pegando neste exemplo, esta empresa consegue ter solução global, que está disponível para 10 milhões de clientes, com uma equipa de 15 engenheiros. À Uber ou à Netflix custa milhares de engenheiros para conseguir entregar estas experiências de alta qualidade e simplicidade.

É uma das primeiras empresas a utilizá-la?

Sim, eles serão dos primeiros adopters desta plataforma. Hoje já é possível com tecnologia Outsystems servir os clientes a nível global, mas existem necessidades que têm a ver com crescimento, disponibilidade, rapidez de acesso e, com a nova versão Project Neo, estamos a tirar partido das últimas capacidades disponibilizadas pela AWS para tornar estas capacidades disponíveis de uma forma simplificada e de muito mais baixo custo do ponto de vista de engenharia.

O que envolveu o desenvolvimento desta solução?

Investimos imenso da nossa capacidade financeira em engenharia para tirar esse custo aos nossos clientes. Para esta solução, no último ano e meio, duplicámos a dimensão da nossa equipa de engenharia para cerca de 400 pessoas a nível mundial. Para tal, contratámos uma série de tens de engenheiros de topo experientes com skill e know-how em tecnologias AWS e Outsystems que nos vieram ajudar a dar este passo.

Tem sido fácil esse processo?

Não. Não é fácil. A única forma de conseguir atrair este tipo de talento a nível mundial – e nós nós temos essa capacidade – é, de facto, termos um projeto muito aliciante, porque são pessoas que se movem normalmente por resolver problemas bastante sofisticados. Nós temos essa visão porque sabemos o que queremos e passámos muitos anos a pensar no que é o futuro do desenvolvimento de software, das aplicações e da cloud e, naturalmente, conseguimos transmitir essa paixão. Muitas vezes o que move estes engenheiros é o propósito. Ao atrair este talento para nós estamos a libertar os nossos clientes de passarem por isto. No próximo ano vamos continuar a crescer de forma mais incremental, depois deste grande investimento.

A pouco mais de um mês de apresentarem os resultados de 2021, o que pode antecipar?

Nesta altura posso apenas adiantar que crescemos de acordo com os nossos planos e continuamos a nossa trajetória de crescimento acelerado. Em Portugal temos basicamente o mercado empresarial todo usar as nossas soluções. Existe imenso espaço para crescermos em conjunto com os nossos clientes em Portugal, principalmente do ponto de vista de utilização do nosso software. Independentemente das receitas, nesta altura importa-nos muito ver inovação a sair de Portugal. Temos muitos casos interessantes das maiores empresas de Portugal usar nossa tecnologia, como a Galp, a EDP ou a Jerónimo Martins, que fez uma série de coisas engraçadas com a nossa energia. Dá-nos gozo vê-los a fazer inovações. No ano passado, a Jerónimo Martins montou uma loja piloto do Pingo Doce, sem caixa como a Amazon Go, no campus da Nova SBE em Carcavelos. A solução tecnológica foi toda construída em Outsystems.

O que vos traz a este evento da AWS?

A AWS é claramente o nosso maior parceiro de tecnologia nesta altura, pela natureza da nossa solução e daquilo que oferecemos aos nossos clientes. Todos os clientes que usam a nossa solução na cloud correm em AWS. Há cerca de dois terços de nossos clientes que acabam por indiretamente operar em AWS, que, mais recentemente, está-se a tornar também um dos nossos maiores parceiros de go-to-market. Ou seja, na gestão da relação com os nossos clientes. Nós apresentamos as nossas soluções em conjunto (Oustystems e AWS), como fazemos com uma série de outros fabricantes de software, em a AWS facilita a introdução da nossa solução aos seus clientes e vice-versa.

Quantas pessoas tem o comité re:Invent da Outsystems?

Temos cá provavelmente umas 20 pessoas. Temos uma representação com um booth na zona de exposições e fizemos esta quarta-feira uma apresentação com um cliente nosso, a International SOS Assistance, um prestador de serviços com um modelo de negócio semelhante a uma seguradora. Acabamos por explorar aqui as várias vertentes de negócios. É uma oportunidade de estreitarmos a nossa relação com a AWS e com as pessoas que estão connosco a desenvolver o nosso negócio junto dos clientes ou outros parceiros da AWS podem ser também ser nossos parceiros. Além das apresentações a clientes, há também a transferência de tecnologia. Os nossos engenheiros presentes trabalham com os da AWS no desenho das nossas soluções futuras. É também uma oportunidade para nos darmos a conhecer a potenciais clientes e parceiros.

*A jornalista viajou aos Estados Unidos a convite da Amazon Web Services

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