1. A propósito de um juiz considerado “negacionista” relativamente às vacinas e do comportamento indecoroso perante os agentes da Autoridade que foram chamados para repor uma obrigação (que alguns discutem a legalidade) de uso de máscara em áreas públicas, há um aspeto relevante que deve ser tido em conta.

Estes movimentos mais ou menos organizados que usam as redes sociais para se darem a conhecer, usando teorias da conspiração para angariar seguidores, não podem deixar de ser tidos em consideração pelo Governo. E não falo das manifestações ordeiras ou desordeiras, mas sim daquilo que se vai passando nas redes sociais e que cria uma corrente ou uma escola, e que os cidadãos que votam e exercem direitos democráticos acabam por acreditar.

É incorreta a ideia de que as teorias da conspiração, sobre vacinas ou outros atos, não sendo verdadeiras não vale a pena dar-lhes importância. Pelo contrário, é preciso contradizê-las sob pena de uma mentira se tornar verdade. Por outro lado, a virulência, o vestir de negro, os slogans e as palavras de ordem tendem a criar movimentos espontâneos, em que parte deles nem sequer se integram na ordem democrática.

A criação de ideias dentro do caos leva a movimentos subversivos. Vem nos livros e não precisa que se teste para ver se é verdade. Acresce que quem pretende defender uma causa não insulta e não difama, nem precisa de criar uma espécie de “tropa de choque”. O caso do ataque com palavras sujas contra o vice-almirante Gouveia e Melo, que orientou e chefiou a equipa nacional de vacinação, é um exemplo inadmissível.

O Estado de direito democrático não pode admitir este tipo de movimentos ou de teste de movimentos. Tiques de autoritarismo nunca os poderemos admitir. Relembramos, a propósito, que a Constituição da República nem sequer permite este tipo de movimentos. No recente episódio entre o juiz negacionista e a polícia, o destaque vai para a postura, a educação, o bom-senso e a atitude civilizada dos oficiais de polícia presentes. Para eles, fica aqui o elogio.

2. A banca nacional tem – recorrentemente – falta de imaginação. Isto é o mínimo que se pode dizer sobre a tendência para fechar balcões físicos e retirar qualidade de serviço com a justificação de que via net se faz o mesmo, sendo que essa não é a vontade dos ainda clientes fidelizados aos espaços físicos, quando nas cidades espanholas há uma agência porta sim, porta não.

O mínimo que se pode dizer é que eles se adaptaram e criaram agências médias de dois empregados, enquanto por cá a concentração levou a uma média de cinco funcionários por balcão. E, por Espanha, não têm problema de rendibilidades. Aos gestores de banca o que se pode dizer é que é preciso reinventar, mas sempre do lado dos consumidores e dos colaboradores, e não contra eles.

3. O Banco Central Europeu sinalizou uma pequena alteração da política monetária com a redução de compra de dívida, no âmbito do “Pandemic Emergency Purchase Programme”. Ainda não é a inversão das taxas de juros no sentido da subida mas… Voltaremos a falar do assunto em março do próximo ano.