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“A PT tinha um grande prestígio, mas precisava de mais garra”

“Temos consciência do legado, com áreas de grande relevância, que aliás, mantivemos e honramos. No entanto, acreditamos que precisava de mais garra e ambição e estamos a modernizar, a reposicionar, a torná-lo mais competitivo e mais capaz”, referiu Alexandre Matos, CFO da Altice Portugal, em entrevista ao Jornal Económico.
10 Maio 2018, 07h30

Considera que houve uma mudança de cultura na empresa, com a compra pela Altice?

O grupo PT tem um grande prestígio e conservamo-lo. Temos consciência do legado, com áreas de grande relevância, que aliás, mantivemos e honramos. No entanto, acreditamos que precisava de mais garra e ambição e estamos a modernizar, a reposicionar, a torná-lo mais competitivo e mais capaz. Temos mantido a liderança nos vários segmentos e assim queremos continuar.

Com excepção dos pacotes triple play [onde a Nos tem uma quota de mercado superior], o Meo lidera em termos de receitas de serviços e de número de assinantes, segundo os últimos dados da Anacom. Quais são os objetivos de quota de mercado?

Somos líderes no acesso à internet fixa e móvel, somos líderes no telefone fixo e móvel e vamos ser líderes na TV. No final de 2017 o Meo mantém a liderança no acesso à internet fixa e móvel, de acordo com o último relatório divulgado pela Anacom. Lidera com 39,5% de quota de mercado no acesso fixo e 38,3% na internet móvel. Para além dos acessos à internet, o Meo aumentou também a sua liderança relativa ao segundo operador na oferta de pacotes de serviços de telecomunicações, garantindo uma fatia do mercado próxima dos 40% no final do terceiro trimestre de 2017, de 43,4% no 2P [integra o serviço de televisão por subscrição e banda larga móvel] e 48,5% no 5P [que inclui o telefone móvel e fixo, banda larga fixa e móvel e televisão por subscrição], o que equivale a uma diferença de cerca de 3,5 milhões de serviços. Estes valores confirmam, por um lado, o posicionamento do grupo na vanguarda tecnológica, ancorado numa oferta de serviços de referência reconhecida pelos utilizadores em Portugal, nos vários segmentos. Adicionalmente, estes números são também o reflexo da aposta acertada em levar a nova geração de fibra ótica a 5,3 milhões de casas até 2020; na modernização da rede móvel já em preparação para o 5G e no desenvolvimento de novas soluções e serviços inovadores que vão ao encontro das necessidades dos nossos clientes.

As relações com o Governo passaram por um período turbulento. Como estão hoje?

Desde que a Altice chegou a Portugal já teve oportunidade de lidar com três governos. A relação institucional mantida sempre foi de um relacionamento harmonioso no âmbito de um denominador comum, que é o interesse público. Não temos qualquer tipo de reserva relativamente a qualquer instituição pública, antes pelo contrário, temos mantido um relacionamento bastante proveitoso para o país em projetos que consideramos âncora no âmbito da superação de adversidades com que o país se debate. Assim continuaremos.

E com os reguladores? [nota: a Autoridade da Concorrência está a analisar a compra da Media Capital pela Altice]

A Altice Portugal respeita todas as entidades reguladoras no nosso país. Assim deve ser. A Altice Portugal esteve, está e estará sempre disponível para reforçar os níveis de colaboração com os reguladores, dando passos concretos nesse sentido, nomeadamente incentivando a que o diálogo e o esclarecimento existam, num clima de confiança, de transparência e de total independência.

Surgiram notícias sobre uma possível multa por parte da Comissão Europeia, sendo que a Altice não terá provisionado o valor dessa coima. Estão preparados para essa eventualidade?

Como compreende, este é um assunto que não seria correto da nossa parte comentar.

Criaram um conselho de relações laborais para ajudar a pacificar as relações com os sindicatos. Como tem corrido este processo?

Como sabe, o Conselho Consultivo tomou posse recentemente. Já houve reuniões e estão a ser bastante produtivas. A prioridade na criação deste Conselho Consultivo, aliás único em Portugal em organizações desta dimensão, é ter um papel ativo nas relações entre a empresa e os colaboradores e as estruturas que os representam, de modo a aumentar a eficiência nas relações entre os trabalhadores e a empresa, promover uma maior capacidade de alcançar paz social e estabelecer pontes e geração de consensos. Não vamos substituir os canais e as vias comunicação que existem hoje e que estão a funcionar entre a gestão desta organização e as estruturas representativas dos colaboradores. Pretende-se, antes, acrescentar, trazer novos canais de comunicação entre a gestão da Altice Portugal e os colaboradores.

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