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Abanca supera 107 mil milhões de volume de negócios com compra do Novobanco Espanha

Esta operação motivou um desentendimento com o Fundo de Resolução pelo facto de haver desfasamento no tempo entre a assunção do custo da venda – que levou à constituição pelo Novobanco de uma imparidade de 166 milhões de euros em 2020 – e a libertação de capital que aconteceu este ano.
30 Novembro 2021, 12h23

É a sexta operação de concentração do Abanca desde 2014, das quais, três envolvendo bancos portugueses. O Abanca comprou a sucursal do Deustche Bank em Portugal; integrou a filial espanhola da Caixa Geral de Depósitos depois de ter pago 364 milhões de euros para ficar com o Banco Caixa Geral. Agora comprou as operações de retalho, banca privada e PME em Espanha, incluindo 10 balcões e respetivos colaboradores do Novo Banco Espanha.

Com isto o banco galego já supera os 107 mil milhões de euros de volume de negócio.

Recorde-se que o Abanca está na pole position para comprar o EuroBic em Portugal, depois de uma tentativa falhada no passado.

O Novo Banco e o Abanca fecharam, esta terça-feira, a operação de compra e venda do negócio do banco português em Espanha, depois de recebidas as autorizações do Ministério de Assuntos Económicos e Transformação Digital e da Comissão Nacional dos Mercados e Concorrência. “O ato de assinatura teve lugar na sede institucional do Abanca, em Madrid, e participaram, do lado do Abanca, o presidente, Juan Carlos Escotet Rodríguez, e o CEO, Francisco Botas, enquanto o Novo Banco esteve representado pelo CEO, António Ramalho”, relata o Abanca.

Com esta operação – que não tem impacto material no resultado líquido esperado de 2021 do Novobanco mas faz subir o seu rácio de capital – o Abanca reforça a sua atividade no negócio de banca pessoal e privada e o negócio de empresas. Recorde-se que a sucursal do Novobanco em Espanha era o ex-BES Espanha que era focado no negócio de private banking e gestão de fortunas.

O Abanca revela em comunicado que as agências do Novobanco terão, a partir deste momento, acesso à sua plataforma tecnológica “para oferecerem aos seus clientes a possibilidade de contratar produtos e serviços do Abanca. As agências, redes sociais e os canais digitais do Novo Banco começarão, a partir de hoje, a incorporar a imagem corporativa do Abanca”, anuncia o banco espanhol.

“O Novo Banco trará potencial de crescimento em linhas como o negócio segurador. Esta atividade está em pleno crescimento no Abanca, após o relançamento da companhia de Vida e da criação do Abanca Seguros Generales conjuntamente com o Crédit Agricole Assurances, que já lançaram os seus primeiros produtos”, diz o banco espanhol que fala em “importantes sinergias que apresenta a operação permitirão ao Abanca avançar na melhoria da sua eficiência”.

Segundo o comunicado, os clientes do Novobanco “vão beneficiar de mais capacidades tecnológicas, atenção pessoal numa rede de 631 agências em Espanha e 686 em todo o mundo, acesso a 1.145 caixas automáticos próprios e outros 14.500 caixas fruto dos acordos com Euro 6000 e outras entidades financeiras, especialização em segmentos como empresas, banca privada e pessoal, seguros, agro, mar e crédito ao consumo, maior diversificação do catálogo de produtos e presença internacional em 11 países da Europa e América”.

 

Venda do Novobanco Espanha ao Abanca motivou divergência com Fundo de Resolução

Recorde-se que, segundo o relatório da Comissão de Acompanhamento do Novo Banco, avançado pela Lusa em junho, o acordo inclui 10 agências do Novo Banco, a transferência de 170 trabalhadores e a passagem de 1,6 mil milhões de euros de ativos e cerca de 2,0 mil milhões de euros de passivos, oferecendo o Abanca em contrapartida “o preço simbólico de um euro”.

A Comissão de Acompanhamento detalhou, no relatório, o acordo com o Abanca (por exemplo, em termos de ativos incluídos e excluídos da venda da sucursal em Espanha) dizendo que essa alienação terá em 2021 “um impacto, que se estima marginal, sobre os resultados do Novo Banco” entre 7,4 milhões de euros negativos e 2,6 milhões de euros positivos.

A transação tem a vantagem, segundo o mesmo relatório, de a saída dos ativos permitir “uma substancial poupança de capital” ao Novobanco em 2021, com uma repercussão positiva entre 0,53% e 0,58% nos rácios de capital CET 1 e Tier 1, respetivamente.

A venda do banco em Espanha motivou uma divergência do Novobanco com o Fundo de Resolução. Divergência essa que avançou para Tribunal Arbitral.

Tal como avançou a Comissão de Acompanhamento, há “um desfasamento no tempo entre a assunção do custo previsível da operação” – constituição pelo Novo Banco de uma imparidade de 166 milhões de euros em 2020, o que levou a maior pedido de injeção de capital ao Fundo de Resolução – e a libertação de capital que acontece só em 2021”.

A comissão considera que tal “suscita questões relevantes em termos de equidade e de equilíbrio das prestações das partes” que acordaram o Acordo de Capitalização Contingente (Novobanco e Fundo de Resolução), uma vez que no espaço de dois anos “os efeitos desta transação sobre os rácios de capital na prática se neutralizam“.

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