[weglot_switcher]

Acionistas da EDP aprovam pagamento de 695 milhões de euros em dividendos

A decisão foi tomada numa Assembleia Geral que, devido à restrições provocadas pela Covid-19, está a ser conduzida por meios telemáticos. Numa altura em que muitas cotadas estão cancelar, cortar ou adiar os dividendos, a elétrica mantém a promessa inscrita no plano estratégico e vai pagar 0,19 euros brutos por ação relativo ao exercício de 2019.
  • Cristina Bernardo
16 Abril 2020, 17h22

A proposta de pagamento de um dividendo de 0,19 euros por ação relativos ao exercício de 2019 foi aprovada pelos acionistas da EDP Energias de Portugal, em Assembleia Geral (AG) esta quarta-feira.

Segundo um comunicado divulgado pela EDP, no site da CMVM, os oito pontos na agenda da reunião foram aprovados. O ponto dois permite à empresa pagar um total de 694,74 milhões de euros  em dividendos.

Em conferência de imprensa, o CEO da empresa, António Mexia, recordou que a questão dos dividendos “é da exclusiva responsabilidade dos acionistas”, que votam uma proposta do board executivo. Adiantou que a proposta foi aprovada por 99,13% dos votos.  Devido ao estado de emergência provocado pela pandemia da Covid-19, a reunião magna de energética está a decorrer por por meios telemáticos.

“Mantemos compromissos com todos os stakeholders“, disse Mexia, explicando que a empresa teve em conta as recomendações da CMVM.

A “estabilidade e sustentabilidade da política de dividendos garantem presença nos índices europeus de referência focados em dividendos”, afirmou o CEO da empresa, António Mexia, numa apresentação durante a AG.

Segundo a estratégia anunciada em Londres em março de 2019, a empresa pretende pagar um dividendo de pelo menos 0,19 cêntimos por ação por ano até 2022.

Na apresentação dos resultados de 2019, a 20 de fevereiro, a empresa liderada por António Mexia assinalava que a 0,19 euros por ação o dividend payout, ou seja, o rácio do total dos dividendos pago face ao resultado total seria de 81%, mas essa indicação era sobre o lucro recorrente, que não inclui provisões e imparidades. Face ao resultado líquido incluindo esses one-offs, de 512 milhões de euros, o dividend payout sobe, contudo, para perto de 136%.

A estatal chinesa CTG, com uma participação na EDP 21,47% na energética liderada por António Mexia, deverá receber dividendos num total de 149 milhões de euros.

À semelhança do que está a acontecer à volta do mundo, várias empresas portuguesas alteraram os planos ou as tendências relativas aos dividendos como precaução perante as perspetivas económicas sombrias para este ano, mas também devido à pressão dos reguladores. Vários bancos a operar em Portugal, incluindo o BCP, o BPI e o Santander Portugal, seguiram as indicações do Banco Central Europeu e do Banco Portugal e suspenderam os dividendos.

No setor da energia, no entanto, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) não vê razões para cotadas como a Galp ou EDP não pagarem dividendos aos acionistas, conforme noticiou o jornal online Eco esta quinta-feira.

A pressão para cortar os dividendos também tem sido exercida pelos atores políticos e em relação ao setor da energia, o Bloco de Esquerda tem sido a voz mais crítica. Catarina Martins, defende que o Governo deve utilizar a participação que detém na Galp, de 7,48%, para pressionar a petrolífera para não distribuir dividendos. Após o partido ter criticado a proposta do board da EDP de dividendos num valor superior ao do lucro de 2019, Catarina Martins sublinhou que os quase 700 milhões de euros a distribuir aos acionistas equivale a dez anos de tarifa social energética disponibilizada pela empresa.

Os acionistas da EDP Renováveis a 26 de março aprovaram a proposta do pagamento de um dividendo de 8 cêntimos por ação relativo a 2019.  Dias antes, no entanto, o Conselho de Administração da EDP Energias do Brasil, na qual a EDP Energias de Portugal tem 51%, anunciara que “tendo em vista o atual cenário de disseminação da Covid-19 e dos impactos esperados para os negócios”  decidira propor à assembleia geral distribuir dividendos de 353,5 milhões de reais (perto de 64 milhões de euros), abaixo dos 604,8 milhões de reais (109 milhões de euros) anunciados antes.

[Em atualização]

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.