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Acordo nem vê-lo, refúgio procurou-se em Wall Street

Não obstante esta realidade e o elusivo entendimento, para já os investidores não estão suficientemente sensibilizados para incorporar o risco nas suas decisões.
21 Novembro 2019, 08h15

Não se pode dizer que os desenvolvimentos de ontem acerca da guerra comercial tenham sido uma surpresa, mínima sequer, ou seja o facto de um acordo, mesmo que parcial, não ser alcançado este ano é algo que tem sido evidente para quem acompanha este processo.

E não é o facto da Casa dos Representantes ter aprovado uma lei de apoio aos manifestantes de Hong Kong, agudizando a hostilidade da China, que reduz as perspectivas de um entendimento entre as duas maiores economias do mundo, pois tal como já referi o que está em causa é algo muito maior, é o controlo pelo domínio económico, militar e de influência sócio-cultural, que tem sido “propriedade” dos EUA nestas últimas décadas.

Este é um embate que era inevitável a partir do momento em que a China começou a trabalhar no sentido de desenvolver a sua economia, outrora bastante débil, contudo hoje já com um grau de complexidade elevado e com a massa critica do número de estudantes, empresários e trabalhadores, é uma ameaça à hegemonia norte-americana, da qual a União Europeia foi parceira, querendo com isto dizer que não é um tema que se resolve de um dia para o outro, ou que se resolve sequer com os pressupostos existentes.

Recordo que Jack Ma, fundador da Alibaba, disse há alguns dias que o conflito entre as duas potencias poderia durar duas décadas, caso ambos os países não tenham cuidado a gerir o impasse.

Mas, não obstante esta realidade e o elusivo entendimento, para já os investidores não estão suficientemente sensibilizados para incorporar esse risco nas suas decisões, pois apesar da procura por activos refúgio que se verificou ontem no mercado accionista com as utilities, retalhistas de produtos essenciais e imobiliárias a serem os únicos sectores a escapar ao vermelho das perdas, para além das energéticas, a pressão vendedora tem sido quase nula, dado que no último mês a sessão de quarta-feira marcou a primeira dupla de dias consecutivos em que o S&P500 terminou a perder valor, portanto com riscos ou não o caminho é para cima.

Realce igualmente para a procura por protecção ocorrida no mercado cambial e nas matérias-primas, permitindo ao Yen e ao Ouro registar valorizações, embora que ligeiras.

O gráfico de hoje é do XLV, o time-frame é diário.

 

 

Destaque para o ETF das empresas ligas à saúde, que após alguma lateralização de Junho a finais de Setembro, conseguiu nas últimas semanas uma subida que o empurrou para novos máximos.

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