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Adalberto Campos Fernandes defende que “nova era” global deve evidenciar importância das políticas de saúde

O ex-ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, defendeu hoje que o mundo está a viver “uma nova era” devido à pandemia de covid-19, manifestando esperança num “novo entendimento” global sobre a importância das políticas de saúde.
5 Abril 2021, 21h55

“Estamos agora enfrentando uma nova era. Os Estados-membros da União Europeia (UE), os Estados Unidos, o Reino Unido e a China aperceberam-se de que uma doença viral pode parar a economia, pode por todos os aviões no chão”, afirmou o ex-governante numa conferência virtual sobre o tema da União Europeia da Saúde.

No debate coorganizado pela representação da Comissão Europeia em Portugal e pela Nova Economics Club, em parceria com a Nova Student’s Union, Adalberto Campos Fernandes salientou que, devido à pandemia, “pela primeira vez a saúde precedeu a economia” a nível mundial.

“Este será, possivelmente, o mais importante incentivo para uma política global com mais ambição e um novo entendimento do papel das políticas de saúde em todo o mundo”, adiantou Adalberto Campos Fernandes, para quem, após a covid-19, “nada será como era antes” tendo em conta o impacto da pandemia na vida social e económica.

O ex-ministro sublinhou ainda a relevância que a ciência assumiu durante a pandemia e manifestou-se convicto que será possível nos próximos anos dar os primeiros passos para a constituição de uma União Europeia da Saúde direcionada para as doenças emergentes e pandemias.

Para o deputado do PSD, Ricardo Batista Leite, a covid-19 veio desafiar a ideia de que os Estados-membros da UE mais fortes “têm mais a ganhar ao preservar a sua capacidade de decisão na saúde como um poder soberano”.

“Creio que [a pandemia] é uma oportunidade muito especial e única para podermos iniciar uma caminhada passo a passo para a União Europeia da Saúde”, considerou o médico, ao apontar a prevenção e reposta a futuras pandemias, a investigação e desenvolvimento e as doenças raras como áreas em que essa união pode ser concretizada.

“Finalmente temos essa oportunidade. Haja da parte das lideranças a capacidade para a concretizar”, disse Ricardo Batista Leite, defendendo também um “papel proativo” da sociedade, através dos cidadãos e das associações de doentes, na definição desta política comunitária, “não ficando à espera que seja Bruxelas a ditar tudo de cima para baixo”.

Para o bastonário da Ordem dos Médicos, o passo inicial para a constituição de uma União Europeia da Saúde implica um reforço do investimento de cada Estado-membro neste setor.

“Se queremos uma União Europeia da Saúde, temos de começar a investir nos sistemas nacionais da saúde. Temos um nível de investimento fortemente diferente de país para país em termos de saúde”, alertou Miguel Guimarães.

De acordo com o bastonário, este processo passa também por garantir que a União Europeia tem uma liderança forte em termos de saúde, apontando o exemplo da vacinação contra a covid-19.

“Se pensarmos no que aconteceu com a vacinação, vemos que tivemos o melhor e o pior”, disse Miguel Guimarães, realçando a colaboração dos países na compra das vacinas como positiva.

Pelo contrário, a suspensão temporária da administração da vacina da AstraZeneca constitui “um exemplo para o futuro”, tendo em conta que vários países decidiram por si próprios, apesar das recomendações da Agência Europeia do Medicamento (EMA na sigla em inglês) e da Comissão Europeia, disse.

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