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África volta a ser motor de crescimento da Mota-Engil

António Mota assegurou ao Jornal Económico que os negócios em África vão voltar a crescer em 2018, recolocando o continente africano como um dos principais contribuintes para a faturação da Mota-Engil, a par da América Latina.
  • Cristina Bernardo
16 Novembro 2017, 07h35

O continente africano vai voltar a ser um dos motores de crescimento do grupo Mota-Engil durante o presente exercício, assegurou António Mota, presidente do grupo, ao Jornal Económico, na sessão de comemoração dos 30 anos da Mota-Engil como empresa cotada na bolsa nacional, numa cerimónia que decorreu na passada segunda-feira nas instalações da Euronext, em Lisboa.

“A Mota-Engil vai crescer em 2017. Vai crescer em todas as áreas geográficas em que está presente, mas prevemos que África volte a recuperar e acabe no final do ano praticamente em igualdade com a América Latina em termos de contribuição para o volume de negócios do grupo”, assegurou António Mota, em declarações ao Jornal Económico.

Segundo o responsável da Mota-Engil, “este crescimento da atividade em África deve-se não só à recuperação em Angola, mas também à entrada da Mota-Engil em novos mercados africanos”.

“Mesmo que haja alguns mercados em África em que haja uma ligeira redução de faturação face ao exercício de 2016”, assegurou António Mota.

O presidente da Mota-Engil acrescentou que, “na Europa, estamos a crescer na República Checa, estamos a crescer na Polónia, embora se trate de um mercado com margens muito estreitas”.

“Estamos a crescer também na Irlanda. A nossa grande aposta no continente europeu é entrarmos em mercados mais modernos, no setor das infraestruturas. É o que estamos a tentar fazer com a entrada no Reino Unido”, adiantou António Mota.

Recorde-se que no final do primeiro semestre deste ano, a principal área geográfica de atividade da Mota-Engil em termos de contribuição para o respetivo volume de negócios foi a América Latina, com um volume de negócios de 469 milhões de euros.

Esta área geográfica contribui ainda com 38 milhões de euros para o EBITDA do grupo, apresentando um margem de EBITDA de 8%. A carteira de encomendas da Mota-Engil na América Latina no final de junho ascendia a 1.699 milhões de euros.

Por seu turno, África contribuiu com 349 milhões de euros para a faturação da Mota-Engil na primeira metade deste ano, um EBITDA de 78 milhões de euros e uma margem de EBITDA de 22%. A carteira de encomendas da Mota-Engil no continente africano era de 2.304 milhões de euros.

Por fim, no continente europeu, a Mota-Engil fechou o primeiro semestre deste ano com uma faturação de 380 milhões de euros, um EBITDA de 62 milhões de euros e uma margem EBITDA de 16%. A carteira de encomendas do grupo português nesta área geográfica no final do primeiro semestre deste ano era de 872 milhões de euros.

Esta recuperação do volume de atividade da Mota-Engil em África, em termos de volume de negócios, dever-se-á, não só à recuperação de mercados que têm estado mais estagnados nos últimos anos, como foi o caso de Angola, mas também à entrada em novos mercados africanos que o grupo concretizou ao longo dos últimos meses. Só em setembro, a Mota-Engil anunciou novos contratos em África a rondar os 400 milhões de euros.

“Sobre o mercado interno, penso que só se vai poder refletir na atividade das empresas de infraestruturas como a Mota-Engil a partir de 2019”, defendeu António Mota.

O presidente da Mota-Engil voltou a sublinhar que “é preciso que haja investimento público”. “Há muito para fazer no setor da ferrovia e muito para fazer no setor dos portos, em termos de infraestruturas, porm exemplo, mas penso que o grande efeito do investimento público anunciado para estas áreas só se deverá começar a fazer sentir no tecido empresarial em 2019”, previu António Mota.

Chegar aos mil milhões de capitalização bolsista

Antes, durante a cerimónia de comemoração dos 30 anos da Mota-Engil como empresa cotada na bolsa portuguesa, António Mota, presidente lamentou: “a bolsa em Portugal está com uma dimensão deficiente”.

O presidente da Mota-Engil sugeriu a cotação de mais empresas na bolsa nacional, considerando que “é bom estar na bolsa, tem mais de positivo do que negativo”.

No entanto, António Mota descarta, para já, novas operações em bolsa, para além da regular emissão de obrigações, depois do fracasso da tentativa de cotação da Mota-Engil África.

A Mota-Engil tem neste momento uma capitalização bolsista de cerca de 830 milhões de euros mas António Mota diz que já só pensa estar a caminho dos mil milhões de euros, o que colocaria a empresa perto do máximo histórico de 1.052 milhões de euros de capitalização bolsista atingida pela construtora em dezembro de 2006.

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