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Agentes de viagens esperam “ciclo de consolidação em lugar de decrescimento”

O tema do 44º congresso da Associação de Agências de Viagens e Turismo, “Os desafios do crescimento”, desafia os participantes a debater a atualidade marcada “por uma certa atmosfera de fim de ciclo”, tanto para o país enquanto destino turístico, como para o setor do turismo e os seus mais diversos ‘players’.
23 Novembro 2018, 12h50

“O setor das agências de viagens, compreendeu a atmosfera de concorrência ao longo da cadeia de valor em que vive, e tem conseguido reinventar-se todos os dias, através de gente cada vez mais qualificada e de tecnologia direccionada à melhoria da experiência humana”, afirmou Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação de Agências de Viagens e Turismo (APAVT), na abertura do 44º congresso que decorre em Ponta Delgada, Açores, até ao próximo sábado, dia 24.

Sobre 2018, o responsável detalhou toda a evolução deste setor, num ano “exigente, mas gratificante”, no qual destacou o ultrapassar do desafio do “Compliance PCI DSS”, sendo que as agências mostraram ainda estar à altura das novas exigências da directiva europeia de viagens organizadas. “Vivemos o primeiro verão em ambiente de nova diretiva europeia, e tivemos ainda vários incidentes na operação turística, provocados por um aeroporto cansado e caótico”, salientou o presidente da APAVT.

Em relação ao referido período, já em ambiente da nova diretiva de viagens organizadas, a associação assegura que a primeira conclusão é globalmente positiva, ao ponto de gerar satisfação e confiança no futuro. Outro dos momentos cruciais deste último ano foi o início da implementação dos novos procedimentos inerentes ao Regulamento Geral da Proteção de Dados (RGPD).

“Os profetas da desgraça do costume tiveram que meter a viola no saco. Afinal, vivemos uma época de viagens em que a normalidade das operações foi a regra e não a excepção; os operadores não faliram; os seguros que construímos foram profusamente utilizados pelo mercado e provaram ser adequados; as agências não foram chamadas a cumprir nenhuma responsabilidade solidária; finalmente, o fundo de garantia viu aumentado o seu valor, que hoje se situa acima dos cinco milhões de euros”, reforçou Pedro Costa Ferreira.

Acreditando que “os ciclos económicos são exactamente isso, ciclos”, o responsável deu ainda nota de que é sem surpresa que constatam os atuais sinais de abrandamento do consumo interno e das chegadas de turistas estrangeiros. Ainda assim, ressalva, os agentes de viagens têm também “a esperança de que o próximo ciclo seja de consolidação em lugar de decrescimento. Esperança fundada não apenas no setor turístico encarado de forma global, como também na performance do setor das agências de viagens”.

Assumindo uma “visão otimista do futuro”, e apesar da “degradação das condições de venda”, a associação destaca o aumento de vendas de passagens aéreas em Portugal que cresceram, em termos acumulados até setembro, cerca de 7%, e recorda que o lazer, apesar do abrandamento do consumo interno, irá crescer este ano próximo dos 10%.

Hoje, ao olhar para a realidade do setor e para o país, enquanto destino turístico, Pedro Costa Ferreira afirma ainda que “um conjunto de forças motrizes, tão fundamentais na construção do anterior ciclo de crescimento, estão hoje a perder gás. Em cima delas, alguns erros de gestão e algumas decisões políticas poderão agravar ou apressar o final de ciclo”. Um cenário quem apesar de todos estes fatores, importa, na sua opinião, “que todos, setor público e setor privado, parceiros da aviação, animação turística, restauração, rent-a-car e hotelaria, juntos, procuremos os caminhos de um novo ciclo virtuoso”, referiu, no arranque do encontro.

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