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AIE alerta para efeitos das quedas de produção do Irão no preço do Brent

O organismo avisou que os preços do petróleo já aumentaram 75% desde junho de 2017 e alertou para que este agravamento pode afetar a procura.
  • Nick Oxford / Reuters
16 Maio 2018, 13h17

A Agência Internacional de Energia (AIE) considerou esta quarta-feira que os “principais desafios” para o preço do petróleo são as diminuições da produção tanto do Irão, devido à retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear, como da Venezuela, em crise.

“A eventual dupla diminuição da produção do Irão e da Venezuela poderia representar o maior desafio para os produtores, que teriam de evitar a abrupta subida dos preços e compensar as quedas daqueles países. E não só se trata de números de barris, mas de qualidade”, alerta a AIE no relatório mensal, que situa o preço do petróleo Brent acima dos 77 dólares.

O organismo avisou que os preços do petróleo já aumentaram 75% desde junho de 2017 e alertou para que este agravamento pode afetar a procura.

A AIE constatou a “incerteza” que se vive no mercado do petróleo este ano devido aos Estados Unidos, que em 8 de maio último anunciou que abandonava o acordo nuclear com o Irão – quinto maior exportador mundial de petróleo –, que implicará a imposição de sanções que podem conduzir a uma redução do abastecimento mundial de petróleo.

O organismo assegurou que é difícil de prever o impacto da decisão da administração norte-americana de Donald Trump, ainda que como exemplo recordou que devido às sanções de 2012 as exportações de petróleo do Irão caíram cerca de 1,2 milhões de barris por dia – atualmente vende 2,4 milhões de barris por dia.

“No meio da incerteza é pouco provável que as empresas fechem contratos para novos investimentos no Irão ou assinem acordos comerciais a longo prazo”, refere a AIE.

A agência considera que a Venezuela e o México, dois países que poderiam preencher o vazio de Teerão, não estão em condições de o fazer, adiantando que a tendência produtora para a baixa de Caracas põe em apertos o mercado mundial de petróleo.

“Na Venezuela o ritmo da queda da produção de petróleo está a acelerar e pode provocar uma contração de várias centenas de milhares de barris por dia”, constata a AIE, que assegura que Caracas não cumpriu a meta de produção a que se comprometeu nos acordos de Viena.

A AIE indica que a capacidade de produção da Venezuela é diminuta porque a empresa pública venezuelana Petróleo da Venezuela (PDVSA) viu muitos dos seus empregados abandonarem os postos de trabalho devido aos “baixos salários e às preocupações com a segurança laboral”.

Apesar dos países da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) liderados pela Arábia Saudita ainda não terem compensado a redução de petróleo venezuelano, o organismo recorda que pouco depois de se conhecer a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irão, Riad comprometeu-se a trabalhar com os restantes produtores mundiais para produzir mais petróleo.

O México registou a maior queda de produção entre os países que não estão enquadrados na OPEP, designadamente de 8% face ao ano anterior, especialmente nos poços Ku-Maloob-Zaap e Cantarell, segundo a AIE.

“Um aumento da produção por parte dos Estados Unidos suporia uma importante contribuição para compensar as quedas noutros pontos”, adiantou.

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