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Alemanha retira 30 soldados de missão da NATO na Lituânia por alegado racismo e agressão sexual

Alegações de racismo, agressão sexual e uma festa para assinalar o dia do nascimento de Adolf Hitler levaram as autoridades germânicas a retirar as suas forças de um país que conheceu de perto a realidade dos ‘progroms’.
  • 4 – Alemanha
17 Junho 2021, 10h13

O comportamento “imperdoável e totalmente vergonhoso” de cerca de 30 soldados alemães estacionados na Lituânia no âmbito da missão da NATO naquele país, forçou o Ministério da Defesa a recambiá-los de volta à Alemanha, enquanto vai decorrer uma investigação sobre alegações que vão desde ofensas racistas e antissemitas até agressão sexual.

A porta-voz do ministério, Christina Routsi anunciou a retirada do país báltico de um pelotão completo do Bundeswehr (Exército Alemão) que, segundo relatos da media locais, organizou uma festa que aparentemente pretendia comemorar o dia do nascimento de Adolfo Hitler – num país que conheceu de perto a realidade dos ‘progroms’ – movimentos organizados, e normalmente admitidos pelo poder, de perseguição e eliminação de judeus.

Estes progroms, ao contrário do que faz supor a literatura moderna, não foram uma caraterística apenas da Segunda Guerra Mundial e apenas da Alemanha. De facto, ao longo da primeira metade do século do século XX, em quase todos os países da Europa Central e em parte dos Balcãs, os judeus, os ciganos e outras minorias seguiram para guetos e posteriormente para campos de eliminação.

Os soldados alemães expulsos da Lituânia enfrentam a demissão imediata do Exército, para além de outras penas que venham a ser decididas no decurso das investigações e de eventual posterior decisão judicial.

Segundo o jornal alemão Der Spiegel, vários soldados gravaram as agressões sexuais que praticaram nos seus telemóveis. Recorde-se que os militares da NATO em missão estão sujeitos a uma proibição geral do consumo de álcool, que só é levantada em datas especiais, como o Dia de Natal ou a véspera de Ano Novo – o aniversário de Hitler parece não constar da lista de datas especiais.

Os acontecimentos têm pelo menos uma semana – quatro soldados já haviam sido enviados de regresso à Alemanha para serem submetidos à investigação, mas o Ministério da Defesa decidiu retirar todo o pelotão de infantaria.

A ministra da Defesa, a antiga líder da CDU Annegret Kramp-Karrenbauer, escreveu no Twitter que “O comportamento impróprio de alguns soldados na Lituânia é uma bofetada em todos aqueles que trabalham diariamente no Exército para manter a segurança do nosso país. Essas derivas prejudicam a reputação do Bundeswehr e da Alemanha e serão severamente punidas”.

O exército alemão detetou nos últimos anos um aumento de casos suspeitos de extremismo de direita em suas fileiras. Segundo a imprensa, no ano passado, o diretor do Serviço de Inteligência do Exército Alemão (MAD), Christof Gramm, revelou que 550 soldados estavam sob investigação por esse motivo. Em junho do ano passado, o Ministério da Defesa teve que dissolver o Comando das Forças Especiais (KSK),uma unidade de elite do Bundeswehr, por causa das ligações de alguns dos seus membros com a extrema-direita.

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