O Fundo Monetário Internacional advertiu que as economias avançadas são cada vez mais responsáveis pelos desequilíbrios na economia global, com a Alemanha a ultrapassar a China como a economia com maior excedente mundial. Novos dados do Fundo divulgados na sexta-feira também mostraram que os EUA mantêm o maior e mais longo déficit da balança de transações correntes, noticia o Financial Times.
Embora haja falta de correspondência entre as poupanças e as despesas a nível global e isso represente hoje uma maior ameaça para o mundo do que antes da crise financeira de 2008, o FMI também alertou para o aumento de riscos de novos protecionismos.
A notícia explica a irritação de Donald Trump com Berlim e o déficit comercial dos EUA com a maior economia da Europa, que Trump herdou quando assumiu a Casa Branca. A administração Trump, que elegeu como bandeira a redução do défice comercial dos EUA com o resto do mundo, tem feito pressão junto do FMI para destacar os desequilibrios comerciais mundiais.
De acordo com os dados, em 2016 a Alemanha registou um excedente comercial de 289 mil milhões de dólares, ou 8,3% do PIB, enquanto a China caiu para 196,4 mil milhões de dólares ou 1,7% do PIB. Já os EUA apresentaram um défice da balança comercial de 451,7 mil milhões de dólares, ou 2,4% do PIB. O que é quatro vezes o deficit do Reino Unido, que é de 114,5 mil milhões de dólares, e que em 2016 tinha sido o segundo maior deficit da balança comercial.
O FMI disse estar preocupado com as possíveis tensões entre as grandes economias mundiais que estes desequilíbrios podem causar.
Donald Trump e os seus principais assessores acusaram a Alemanha de explorar um euro fraco para o seu benefício comercial, ao mesmo tempo que ameaça impor tarifas e outras restrições às importações de produtos como, por exemplo, o alumínio.
O FMI referiu que os EUA se devem concentrar em reduzir cuidadosamente a dívida externa e fazer mais para melhorar a sua competitividade e produtividade.
Embora as preocupações do FMI com os EUA tenham crescido, o Fundo também apela a que a Alemanha faça mais para enfrentar o seu excedente comercial.
Investir mais no proprio país em coisas como infra-estrutura ajudaria a impulsionar o crescimento potencial da Alemanha e a abordar questões como o atraso no aumento da produtividade que tanto a Alemanha como muitas outras economias avançadas enfrentam. “Nós não consideramos necessariamente o excedente da Alemanha como uma ameaça à economia global”, disse ao FT o economista-chefe do FMI Luís Cobeddu. Mas “reduzir esse excedente … teria benefícios para a economia global”, acrescentou.
(Atualizada)
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