O alojamento para estudantes passou a ser um problema crítico, em especial para Lisboa e Porto, desde que as rendas nestas cidades subiram desmesuradamente e desde que o país se tornou num destino privilegiado para os estudantes internacionais, nomeadamente via Erasmus.

A parte boa de toda a história tem sido o reconhecimento do excelente ensino superior em Portugal e o reconhecimento internacional que coloca determinadas escolas nos melhores rankings mundiais mas, depois, vem toda a infraestrutura e logística de quem acede ao ensino. E qui entram todos os problemas a começar pelo alojamento. As informações disponíveis dão conta de crescimentos exorbitantes de valores de T0 minúsculos e de quartos ou de partes de quartos. O custo de um quarto de centenas de euros é equivalente ao custo de um crédito hipotecário de uma casa normal nos arredores de Lisboa ou Porto e isto não tem lógica.

O Governo tem prometido mais oferta para resolver o drama, mas tudo precisa de tempo e o pecado está no facto de o tema não ter sido previamente pensado. O mais recente exemplo está ligado a Carcavelos e à nova SBE. Os números conhecidos falam por si e apenas sabemos aquilo que é declarado, porque dificilmente se fazem inspecções a quem faz negócio de forma irregular, nomeadamente sem o declarar às Finanças.

A ganância move montanhas mas não pode ser ilimitada e se quem vem do estrangeiro pode pagar, os nacionais não podem. Nesta ótica, até será legítimo lutar politicamente pela igualdade de salários com os países emissores de estudantes e desta forma fica o tema resolvido. Não sendo possível aquele desiderato, impõe-se aumentar a oferta que existe em termos de imóveis e que pertencem às administrações centrais e regionais e organismos com ligações ao poder público.

Ainda a meio de novembro foi assinado em Tomar um protocolo com o Ministro do Ambiente e diversas entidades do poder local para o projeto do arrendamento acessível. Mas não vale a pena fazer propaganda política: não é no interior que os preços são elevados mas sim nas cidades do litoral, e é aqui que a ganância tem de ser contida. Mais. Os particulares estão totalmente fora deste modelo de parceria para rendas acessíveis, algo que até poderia ser interessante para o interior. Nas grandes cidades os mesmos particulares pouco contam porque os proprietários são maioritariamente entidades públicas e institucionais.

E fica mais um alerta, desta vez relacionado com a capacidade do mercado de arrendamento, cujos preços ainda sobem, embora o fulgor abrande a cada trimestre, refere um trabalho do “Confidencial Imobiliário”. É um sinal. E depois temos a redução do crédito hipotecário, fruto de maiores exigências em termos de rendimento disponível e, não menos relevante, fica também o alerta do INE sobre a desaceleração da economia entre o segundo e o terceiro trimestres.