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Alterações climáticas valeram 115 ‘tweets’ céticos a Donald Trump

A retirada do acordo para reduzir drasticamente a poluição ambiental, nomeadamente no que toca à emissões de gases com efeito de estufa que têm causado as alterações climáticas sentidas em todo o mundo, está a gerar controvérsia, dentro e fora da Administração Trump.
  • Jim Lo Scalzo/REUTERS
2 Junho 2017, 09h04

A ideia do presidente norte-americano, Donald Trump, formalizada esta quinta-feira, de abandonar o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, não é recente. Ainda antes de pensar em candidatar-se à Casa Branca, o antigo magnata já twittava declarações polémicas sobre esta questão, afirmando que o aquecimento global, que despertava a atenção e preocupação internacional, não passava de uma “mentira dos chineses” destinada a enfraqucer a indústria dos Estados Unidos.

Mas o presidente não se ficou por aí. Feitas as contas, foram 115 tweets publicados sobre esta matéria. E se em 2009 o multimilionário se juntava a outras dezenas de empresários para “liderar o mundo pelo exemplo” em defesa de um compromisso para pôr fim às emissões de gases poluentes, dois anos depois a posição de Donald Trump invertia-se.

“Está frio lá fora. O aquecimento global deve ser falso”. “Os cientistas manipulam os dados das alterações climáticas”. “Em 1920, as pessoas estavam preocupadas com o arrefecimento global, que nunca aconteceu. Agora é o aquecimento global. Tenham paciência!”. “Não podemos destruir a competitividade das nossas fábricas de forma a preparar o país para um não-existente aquecimento global. A China está em pulgas com isso!”

As críticas ao compromisso assumido pelo seu sucessor Barack Obama, em 2015, multiplicaram-se na rede social do republicano e nem a segunda maior economia do mundo ou as pesquisas científicas devidamente fundamentadas escaparam impunes à crença exacerbada do magnata.

A retirada do acordo para reduzir drasticamente a poluição ambiental, entre 26 a 28% até 2025, nomeadamente no que toca à emissões de gases com efeito de estufa que têm causado as alterações climáticas sentidas em todo o mundo, está a gerar controvérsia, dentro e fora da Administração Trump.

O CEO da Tesla, Elon Musk, já anunciou a sua saída da Administração, onde atuava como conselheiro no setor empresarial do presidente Trump. “Estou a abandonar o conselho presidencial. A mudança climática é real. Deixar o Acordo de Paris não é boa ideia para a América nem para o mundo”, escreve Elon Musk no Twitter.

Depois de Musk, também o CEO da General Electric, Jeff Immelt, manifestou a intenção de abandonar o cargo de conselheiro presidencial. “Decepcionado com a decisão de hoje [quinta-feira] sobre o Acordo de Paris. A indústria deve agora liderar, e não depender do governo”, afirmou. E seguiu-se o CEO da Disney, Bob Iger: “Por uma questão de princípios, entreguei a minha renúncia ao conselho do presidente, após a retirada do Acordo de Paris”.

A decisão dividiu a recente cimeira do G7 na Sicília, com todos os líderes a reafirmarem o seu compromisso em relação ao acordo, com a exceção de Donald Trump, que defende que o Acordo de Paris coloca em “permanente desvantagem” a economia e os trabalhadores norte-americanos.

Os Estados Unidos juntam-se assim à Síria e à Nicarágua como únicas nações não participantes no histórico Acordo de Paris. Os Estados Unidos são o segundo maior emissor de dióxido de carbono do mundo, apenas ultrapassado pela China.

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