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Altice convida investidores a apresentarem propostas para a rede da fibra óptica

Dona da Meo lançou venda de ativos avaliados em entre três e quatro mil milhões, mas quer manter controlo operacional e promete continuar a investir na fibra em Portugal.
9 Março 2019, 20h00

A Altice prepara-se para vender  a sua rede de fibra ótica em Portugal, num negócio que, segundo analistas, avalia a infraestrutura em entre três e quatro mil milhões de euros, apurou o Jornal Económico. O processo de alienação foi lançado formalmente esta semana, mas a única certeza é que o grupo francês liderado por Patrick Drahi pretende manter o controlo operacional da rede de fibra, que até ao final do próximo ano deverá chegar a 5,3 milhões de lares, disponibilizando serviços de voz fixa, Internet em banda larga e televisão por subscrição.

Ao que o Jornal Económico apurou, o memorando com a informação sobre os ativos que vão estar à venda chegou aos potenciais compradores, fundos de private equity e outros investidores institucionais, através da assessora financeira francesa Lazard, mas no documento não há qualquer referência à percentagem de capital à venda, sabe o JE.

A empresa dona da Meo pretende concluir a alienação até ao fim do ano e, para o efeito, vai criar uma nova empresa que ficará com a rede de fibra, à semelhança do que sucedeu quando alienou as torres de telecomunicações, no ano passado. Mas, uma vez que a Altice não quer perder o controlo operacional da infraestrutura em fibra óptica, que estará no balanço desta nova entidade, poderá manter a maioria do capital.

Mas a entrada de um novo investidor na empresa gestora da rede de fibra implicará a abertura desta infraestrutura aos concorrentes da MEO em Portugal, prevendo-se que, a prazo, poderão prestar serviços de telecomunicações através da rede da Altice.

Questionada pelo Jornal Económico, fonte oficial da Altice Portugal não confirmou a realização do processo de venda, mas não desmentiu a informação.

“A Altice Portugal reitera que a infraestruturação do país em fibra ótica é um dos eixos estratégicos para Portugal e que nunca tomará qualquer decisão que possa de alguma forma prejudicar o objetivo de infraestruturar 5,3 milhões de casas até 2020”, afirmou a referida fonte oficial.

A empresa liderada por Alexandre Fonseca adianta que “a fibra ótica é um dos desígnios que move a Altice Portugal e que não pretende, por isso, diminuir o investimento nesta infraestrutura. Pelo contrário, pretende aumentar o ritmo”.

A Altice diz ainda que “qualquer operação futura não colocará em causa a direção deste projeto que, mesmo sendo privado, consideramos de interesse nacional”.

Rede gera EBITDA acima de 200 milhões por ano

À semelhança do que já tinha sido feito com a operação de venda das torres de telecomunicações da MEO, em que foi criada a TowerCo, a Altice irá constituir uma empresa no contexto da venda da rede de fibra da Meo. Essa empresa, segundo a informação disponibilizada aos potenciais investidores, terá um EBITDA de entre 200 e 250 milhões de euros. Ora, com este volume de EBITDA, não é difícil estimar o valor global da futura empresa de fibra. Analistas do setor dizem que este volume de EBITDA aponta para uma avaliação global de três a quatro mil milhões de euros.

A operação em Portugal promete seguir os mesmos contornos da que foi anunciada em França. A Altice Europe vendeu 49,99% do seu negócio de fibra ótica em França a três fundos de investimento por 1,8 mil milhões de euros, no fim de 2018.

Por cá, os potenciais compradores prováveis serão fundos de private equity.

À semelhança do que aconteceu com o negócio de vendas das torres de telecomunicações, deverá ser feito um acordo inicial entre a Altice Portugal e a empresa que será criada para deter e gerir a rede de fibra óptica, por um prazo inicial longo, que ainda não está definido no memorando. No caso da venda das torres, esse acordo semelhante previu um prazo de 20 anos.

Em junho do ano passado, a Altice concluiu a venda das torres de telecomunicações da Meo por 660 milhões de euros. O consórcio comprador foi o fundo Horizon Equity Partners  de António Pires de Lima e Sérgio Monteiro; e o Morgan Stanley.

Artigo publicado na edição nº 1977, de 22 de fevereiro, do Jornal Económico

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