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Altice/PT: conversações ensombradas por rumores de mais transmissões

Sindicato da PT e CEO da empresa reuniram-se esta quarta-feira e ambos reconhecem abertura ao diálogo. No entanto, os trabalhadores não excluem a hipótese de novas paralisações.
6 Setembro 2017, 20h03

O sindicato que representa os trabalhadores da Portugal Telecom (PT)/Meo avalia positivamente a reunião desta quarta-feira com a nova CEO da empresa, apesar de não ter havido um compromisso. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Portugal Telecom (STPT), Jorge Félix, explica que as reuniões vão prosseguir, não só com a Altice/PT, mas também com o Governo.

“Na reunião, não houve qualquer compromisso como pretendíamos, nomeadamente em relação à situação dos trabalhadores que já foram transmitidos”, disse Félix, em entrevista ao Jornal Económico. Um dos temas centrais no encontro entre sindicatos e a CEO, Claudia Goya, foi a situação dos 155 trabalhadores que foram transferidos para outras empresas, tanto dentro do grupo Altice/PT, mas também fora.

Dos 155 antigos trabalhadores da PT, 26 já pediram rescisão de contrato “porque não se concordavam e tinham receio do que pudesse acontecer”, contou o presidente do STPT. E o número poderá não ficar aí. Segundo Félix, “há rumores de novas transmissões”, uma questão que colocaram a Goya, “mas não houve uma resposta evidente”.

Sobre o futuro, o presidente do sindicato explica que “foi deixado transparecer que poderia haveria um reajustamente, até devido ao setor, mas houve uma garantia de diálogo, tentando proteger os trabalhadores, sem comprometer os interesses da empresa”, sendo que considera que a abertura ao diálogo “tem de ser encarada como uma posição positiva”.

Novas reuniões agendadas

A transferência de contratos de trabalho da PT/Meo para outras empresas tem sido razão de discórdia na empresa, tendo já levado a uma greve dos trabalhadores e agora à reunião entre a empresa e os trabalhadores. A Altice/PT garantiu, no final da reunião, que está aberta ao diálogo com os representantes dos trabalhadores da empresa.

“Claudia Goya, a nova CEO, reforçou o compromisso de manter um diálogo aberto sobre questões sociais com as partes interessadas”, referiu a Altice/PT em comunicado. “A Altice/PT está empenhada no diálogo social com os seus sindicatos e com o Comité de Trabalhadores, como foi disso exemplo a assinatura do Acordo de Empresa cujas negociações tinham estado paradas vários anos”.

Além da transmissão de antigos trabalhadores da PT para outras empresas, uma inspeção da Autoridade para as Condições de Trabalhado (ACT) à empresa encontrou uma série de violações, que deram origem a 124 autos de notícia, cujas coimas podem variar entre os 1,5 milhões de euros e os 4,8 milhões de euros.

Entre as violações, a ACT encontrou “evidências da existência de situações de assédio”, incluindo trabalhadores que ficaram sem funções. Este vai ser o primeiro ponto na agenda da próxima reunião pedida pelo sindicato a Goya.

Esta quinta-feira, os representantes dos funcionários da PT vão também reunir-se com o secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, e com o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d’Oliveira Martins. Apesar de terem pedido uma audiência com o primeiro-ministro, António Costa, e com o ministro do Trabalho, José António Vieira Da Silva, o sindicato espera o Governo possa ainda intervir no caso.

“A greve não está fora de questão”, acrescenta Jorge Félix. “Não queremos esta situação de conflito permanente que dura há 60 dias. Se tudo falhar e se o Governo não conseguir reverter a situação das transmissões, é provável que tenhamos de recorrer a paralisações de mais de um dia. Mas queremos evitá-lo”.

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