A ANA, concessionária dos aeroportos comerciais portugueses, deve assinar, a meio de fevereiro, um memorando de entendimento com o Governo para desenvolver todos os projetos de transformação da Base Aérea do Montijo num aeroporto comercial, funcionando como complemento do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, informa hoje o Expresso.
Segundo o semanário, o Governo escolheu a solução do Montijo e o objetivo de avançar já com a assinatura do memorando relaciona-se com a tentativa de ter o aeroporto “da margem sul” operacional para receber passageiros civis, “se possível”, já no final de 2018.
Com o crescimento das operações das companhias aéreas em Lisboa, a saturação do aeroporto será mais rápida, impondo a utilização de infraestruturas complementares que permitam aumentar o tráfego aéreo sem restrições, em alternativa à construção de um grande aeroporto em Alcochete, que implicaria uma capacidade financeira inexistente.
Por enquanto são desconhecidos os custos das ligações rodoviárias dedicadas e o valor das compensações a pagar à Força Aérea para disponibilizar a base do Montijo — que o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, referiu na Assembleia da República não serem da ordem dos €400 milhões frequentemente invocados, considerados um valor muito elevado. Quer o autarca do Montijo, Nuno Canta, quer o presidente da TAP, Fernando Pinto, manifestaram publicamente disponibilidade para encontrarem soluções.
O grupo que controla a ANA — os franceses da Vinci — tem interesse em gerir o aeroporto por mais 30 anos, razão pela qual investirá num aeroporto que complemente a infraestrutura da Portela. Este investimento adicional — que o Governo quer que sirva para ter a obra do Montijo operacional durante a atual concessão do Aeroporto Humberto Delgado — pode implicar a renegociação da extensão do prazo do atual contrato da ANA.
Segundo informações do sector obtidas pelo Expresso, até novembro de 2016, a quota da TAP em Lisboa foi de 55% em número de voos e de 50% em passageiros. Em segundo lugar aparece a Ryanair, com 11% de quota em passageiros e 8,1% em voos. Em terceiro lugar está a easyJet, com 9% em passageiros e 7,9% em voos. O Expresso contactou as três companhias sobre a sua atividade, mas nenhuma se pronunciou. A ANA também não forneceu detalhes.
Este enquadramento faz antever um forte crescimento do tráfego aéreo em 2017. Só a TAP, a partir de julho, prevê aumentar 1176 voos por mês, ou seja, mais 273 mil lugares, cabendo a Lisboa um aumento de 136 mil lugares mensais. Esta evolução cria preocupações sobre a capacidade de resposta do aeroporto de Lisboa nos próximos meses de verão, sobretudo em junho, julho e agosto, em que o aeroporto de Lisboa ficará perto da saturação, segundo admitem as fontes contactadas.
A situação mais “dramática” será vivida no verão de 2018, altura em que o aeroporto será incapaz de gerir todo o seu tráfego, admitem os operadores. No verão de 2018 será impossível atribuir mais slots nas horas de grande movimento, o que impedirá o aeroporto de operar mais aviões nos períodos de pico.
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