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André Ventura anuncia retirada de apoio do Chega ao Governo Regional dos Açores

Direção nacional do partido decidiu cessar apoio parlamentar ao executivo de José Manuel Bolieiro devido à “hostilização” feita por Rui Rio e espera que o deputado açoriano José Pacheco reprove o Orçamento Regional que será discutido entre 22 e 25 deste mês.
O deputado do Chega André Ventura intervém no debate parlamentar sobre os diplomas do PS, PAN, IL e Cristina Rodrigues, sobre ordens profissionais, esta tarde na Assembleia da República, em Lisboa, 13 de outubro de 2021. MIGUEL A. LOPES/LUSA
17 Novembro 2021, 17h47

O presidente do Chega, André Ventura, anunciou nesta quarta-feira que a direção nacional do seu partido retirou o apoio ao Governo Regional dos Açores na sequência das declarações de Rui Rio, que afastou qualquer entendimento com o Chega após as legislativas de 30 de janeiro de 2022. E disse esperar que a indicação seja respeitada pelo atual deputado único do partido na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, José Pacheco, reprovando o Orçamento Regional que será discutido entre os dias 22 e 25 de novembro.

“A direção nacional do Chega dá instruções para que cesse o apoio ao Governo Regional dos Açores já neste orçamento por este não se ter comprometido na luta contra a corrupção, na diminuição do tamanho do governo e no combate à subsidiodependência, e por o PSD ter enveredado por uma atitude de hostilização do Chega, do seu presidente, do seu programa e dos seus militantes”, disse André Ventura, numa conferência de imprensa realizada na Assembleia da República, remetendo a posição de José Pacheco para outra conferência de imprensa, a realizar-se na próxima sexta-feira, em Ponta Delgada.

O Chega assinou um acordo de apoio parlamentar com o PSD que permitiu a viabilização do executivo regional liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, à frente de uma coligação entre PSD, CDS e PPM, beneficiando ainda de outro acordo assinado pelo eleito da Iniciativa Liberal. Entretanto, um dos dois deputados eleitos pelo Chega, Carlos Furtado, passou a não inscrito, mas se José Pacheco acatar a decisão de Ventura torna-se provável um cenário de chumbo do orçamento regional, tendo em conta que o maior grupo parlamentar pertence ao PS e ainda existem eleitos do Bloco de Esquerda e do PAN.

Além das declarações de Rio, que chegou a dizer que abdicaria de ser primeiro-ministro se isso dependesse dos deputados do Chega, discordando da sua exigência de atribuição de algumas pastas ministeriais, Ventura apontou como razões para a reprovação do Orçamento Regional o “investimento alucinante” de 130 milhões de euros na transportadora aérea regional SATA, descrito como “um resgate multimilionário que os contribuintes acabarão por pagar”, e o incumprimento da promessa de criação de um gabinete anticorrupção na Região Autónoma dos Açores.

“O Chega não deseja eleições nos Açores nem nenhum quadro de instabilidade, mas chega”, disse o líder partidário na conferência de imprensa, referindo-se a “semanas de ataques contínuos e consistentes” ao Chega, nas quais considera que Rui Rio “optou por manter um nível de confronto, hostilização e humilhação”.

Quanto à hipótese de José Pacheco não cumprir a indicação da direção nacional do partido, Ventura disse que pensa “estar em harmonia” com o deputado açoriano – que nas suas redes sociais partilhou um vídeo em que o líder nacional prenunciava a decisão de romper o acordo com o PSD -, escusando-se a apontar as consequências caso este se recusasse a cumprir o fim do apoio parlamentar ao executivo de José Manuel Bolieiro.

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