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André Ventura garante que voltaria a chamar de bandidos habitantes do Bairro da Jamaica (com áudio)

O dirigente partidário é réu num processo cível por ofensas à honra e ao direito à imagem depois de ter exibido em 2021, num debate televisivo com Marcelo Rebelo de Sousa durante as presidenciais, uma foto de uma visita do Presidente da República àquele bairro cerca de dois anos antes.
  • André Ventura
10 Maio 2021, 13h14

O líder do Chega que respondeu, esta segunda-feira, em tribunal por ter chamado bandidos a habitantes do Bairro da Jamaica, no Seixal, admitiu, esta manhã, à juíza e aos jornalistas que não se desculparia e que voltaria a proferir as mesmas declarações, sublinhando que “não houve carácter ilícito”.

“Hoje voltaria a dizer a mesma coisa no debate com Marcelo Rebelo de Sousa. Penso que a nossa advogada, a linguagem, os termos e a imagem foram amplamente utilizados nos anos anteriores sem nunca ter havido ação da mesma família em relação, não só outros actores e protagonistas políticos e sociais, ou a própria comunicação social. Fê-lo apenas porque é o André Ventura e o partido Chega está em causa”, frisou.

Para o dirigente partidário as declarações foram feitas porque entendeu “que era aquilo que a grande maioria da população portuguesa sentia — e eu enquanto candidato procurava representar”. No entanto, reconhece que embora não tenha ficado “feliz por saber que pessoas ficaram ofendidas ou humilhadas por que tipo de declaração fosse”, acrescenta que “nunca houve uma acusação rácica da minha parte. É falso e o tribunal ficou a saber que era falso”.

Para André Ventura, “o que aconteceu foi um debate em democracia” e que, durante a campanha presidencial e os debates políticos “ninguém foi mais ofendido do que eu. Estamos muito tranquilos com isto”.

O dirigente partidário é réu num processo cível por ofensas à honra e ao direito à imagem depois de ter exibido em 2021, num debate televisivo com Marcelo Rebelo de Sousa durante as presidenciais, uma foto de uma visita do Presidente da República àquele bairro cerca de dois anos antes. O chefe de Estado aparecia na imagem com uma família que incluía um membro que já tinha tido problemas com a justiça, relacionados com desacatos e condução sob embriaguez. Durante o debate, o dirigente partidário aproveitou esse facto para sublinhar que o seu adversário tinha preferido ir ao bairro confraternizar com bandidos em vez de visitar os agentes policiais agredidos dias antes, durante confrontos com habitantes do Bairro da Jamaica.

“Esta fotografia mostra tudo o que a minha direita não é. Nesta fotografia, o candidato Marcelo Rebelo de Sousa juntou-se com bandidos, um deles é um bandido verdadeiramente. (…) Porque esta fotografia que está aqui, (…) não foi tirada depois na esquadra de polícia, foi tirada só, entre aspas e vão-me desculpar a linguagem, à bandidagem. E, portanto, talvez seja aqui uma diferença entre nós: eu não tenho medo de ser politicamente incorrecto, de lhes chamar os nomes que têm de ser chamados e dizer o que tem de ser dito. (…)”, disse, na altura, André Ventura.

A acusação que representa a família Coxi pede uma retratação pública de André Ventura. Além das desculpas, caso seja condenado, quer que pague a publicação da sentença na comunicação social e que seja multado em cinco mil euros por cada vez que, no futuro, fizer este tipo de declarações.

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