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Angela Merkel ainda não desistiu de Schulz

A chanceler parece preferir a coligação com o SPD, ao mesmo tempo que tenta convencer Os Verdes e os liberais do FDP a aceitarem sentar-se juntos no próximo executivo – apesar de todas as diferenças entre as duas formações políticas.
  • Reuters
26 Setembro 2017, 07h40

Ao primeiro dia do resto dos próximos quatro anos da Alemanha, a chanceler Angela Merkel ainda não desistiu de conseguir manter a coligação entre o seu partido, a CDU, e o SPD de Martin Schulz, um dos derrotados da noite de domingo passado. Merkel afirmou isso mesmo em declarações proferidas ontem, mas Schulz disse que ainda não recebeu qualquer contacto nesse sentido – queixa que pode indicar que o ex-presidente do Parlamento Europeu está à espera de um telefonema da chanceler.

Merkel afirmou também que está a promover contactos com os liberais do FDP e com os Verdes, na tentativa de promover um governo que juntaria cerca de 52% do Bundestag, o parlamento alemão, mas que meteria no mesmo ‘saco’ liberais de direita e ecologistas de esquerda, num agregado em que muitos analistas pura e simplesmente não acreditam.

Angela Merkel parece não ter grandes pressas em formar um novo governo: tem a promessa da parte de Schulz de que o executivo em funções continuará a governar nos moldes acordados há quatro anos até o novo governo estar pronto, e a chanceler comprometeu-se em apresentar uma nova equipa até ao Natal – o que lhe dá muito tempo para negociar.

Apesar de tudo, Martin Schulz voltou a afirmar que quer manter o SPD fora da órbita do novo executivo, tendo afirmado que os social-democratas têm um importante papel a desempenhar como líderes da oposição. Mas também aí o seu papel é difícil, dado que arrisca ser líder de uma oposição ainda mais diametralmente oposta que um executivo formado entre a CDE o FDP e Os Verdes. Com o SPD na oposição estarão o Die Linke – a esquerda mais radical que é possível encontrar na Alemanha – e a AfD, o partido de extrema-direita que mereceu a confiança de mais de 14% do eleitorado.

Mas foi na sua própria casa que a AfD sofreu o primeiro sismo pós-eleitoral: Frauke Petry, uma das fundadoras do partido, afirmou em conferência de imprensa – que abandonou de seguida, para espanto dos seus colegas de partido – que não se sentará no Bundestag em nome do partido por que foi eleita, mas como independente. Petry afirmou que não pode permanecer num partido sem controlo interno de nenhuma espécie e que não se revê na sua forma de atuação.

Para já, a grande dúvida é portanto a de se perceber se Martin Schulz insiste na recusa em aceitar uma nova aliança com Merkel e se a chanceler consegue ou não convencer forças tão diversas a colaborar consigo.

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