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Angela Merkel: o “princípio do fim”?

Depois de mais uma inesperada derrota política – a votação para a presidência do parlamento – os analistas começam a encontrar sinais do fim da era Merkel.
  • Axel Schmidt/Reuters
26 Setembro 2018, 09h08

A chanceler alemã Angela Merkel sofreu uma derrota política inesperada ao ver o ‘seu’ candidato à liderança do parlamento perder, depois de uma votação em que o grupo parlamentar democrata-cristão (CDU e CSU da Baviera) elegeu Ralph Brinkhaus, provocando a queda, após 13 anos no cargo, de Volker Kauder, um dos mais próximos colaboradores da chanceler.

Brinkhaus venceu por 125 votos a 112. O resultado da eleição do novo chefe do grupo parlamentar foi rapidamente interpretada em Berlim como uma nova perda de poder de Merkel e mais uma punição pela gestão do seu quarto mandato – que tem enfrentando duas grandes crises de governo: o ultimato dos aliados da Baviera para endurecer a sua política de imigração; e a controvérsia interna em torno da liderança dos serviços secretos.

“É uma derrota: não é preciso escondê-lo”, disse o chanceler numa breve declaração em que lembrou que Kauder tem trabalhado “muito bem” ao longo dos anos. “Trabalhei para garantir que Volker Kauder pudesse continuar“, admitiu Merkel, que ofereceu “cooperação”a Brinkhaus.

A eleição de Ralph Brinkhaus como o novo presidente do grupo parlamentar foi descrita por vários comentadores como uma séria derrota política para o chanceler. “É o começo do fim da era Merkel”, disse Heiner Bremer, conhecido analista político da rede de notícias N-TV.

“O sucesso de Brinkhaus depois de duas dramáticas crises do governo em poucos meses pode ser interpretado como um sinal claro da diminuição do apoio de Merkel no grupo parlamentar”, disse o Der Spiegel em sua edição digital.

Kauder, um veterano parlamentar conservador de 69 anos, tinha sido censurado várias vezes para alinhar o grupo parlamentar com as posições da chanceler, especialmente para apoiá-la na gestão da crise de refugiados e na crise financeira que eclodiu em 2008.

Brinkhaus justificou a sua candidatura com a esperança de que o grupo parlamentar desempenhasse um papel mais ativo, num espírito reforçado de equipa. O novo presidente entrou no parlamento em 2009.

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