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Presidentes da Apple, Amazon, Facebook e Google vão ser ouvidos no Congresso

Os responsáveis destas empresas vão prestar esclarecimentos no âmbito de uma investigação em curso que está a analisar eventuais práticas anticoncorrenciais no mercado digital.
28 Julho 2020, 11h28

Tim Cook, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg e Sundar Pichai vão marcar presença amanhã, quarta-feira, no Congresso norte-americano pela primeira vez para representar as quatro gigantes do mundo tecnológico.

De acordo com a notícia avançada pela CNN esta terça-feira, os responsáveis destas empresas vão prestar esclarecimentos no âmbito de uma investigação em curso, levantada pela comissão de justiça do Congresso, que investiga as práticas concorrenciais no digital. Em causa estão as suspeitas de práticas anticoncorrenciais, usando o seu poder no mercado para eliminar qualquer oportunidade concorrencial de empresas mais pequenas

De todos os arguidos, apenas o líder da Amazon, Jeff Bezos, nunca tinha sido ouvido pelo Congresso sobre o assunto, já o patrão do Facebook seria a terceira vez presente para testemunhar.

Será a primeira audiência antitrust desse tipo desde a visita de Gates a Capitol Hill, em 1998. Porém, alguns especialistas antecipam que a história pode vir a repetir-se, já que a maior destas gigantes enfrenta uma série de investigações anti concorrenciais por autoridades estaduais e federais, como bem como da União Europeia.

Domínio da publicidade digital e aquisição de startups para eliminar concorrência

As empresas vão ser chamadas ao Congresso para responderem a questões relacionadas com as suas práticas anti concorrenciais que têm sido alvo de escrutínio nos últimos anos.

Os rivais da Apple acusaram a empresa de ter uma política injusta na App Store, denunciado as regras restritivas para programadores que incluem um imposto de 15 a 30% nas compras dentro da aplicação, embora a Apple diga que está alinhada com as taxas dos concorrentes. A App Store é a segunda maior produtora de receita da Apple depois do iPhone, mas as aplicações não estão sujeitos às mesmas regras de terceiros, e há muito se argumenta que isso dá à Apple uma vantagem injusta sobre a concorrência.

O domínio do Facebook na publicidade digital levantou questões sobre se a empresa de Mark Zuckerberg está a matar pequenas agências de notícias. Para além desse alerta, a rede social vai ser alvo de escrutínio por ter adquirido, nos últimos 10 anos, pequenas startups — como a Giphy, o Instagram, o WhatsApp  e agora a Onavo Mobile — como forma de acabar com a concorrência.

Os legisladores também deverão questionar as medidas do Facebook para impedir a disseminação de informações erradas e o discurso de ódio na sua plataforma, especialmente sobre a pandemia da Covid-19 e às vésperas das eleições de 2020.

A empresa de Sundar Pichai já foi acusada de favorecer os seus próprios serviços nos resultados de pesquisa. Amanhã, também deverão levantar questões sobre o domínio da Google no mercado de pesquisa e publicidade. Segundo a “Bloomberg”, as alterações na pesquisa da plataforma tornaram mais caro o serviço para as empresas. Os legisladores também podem questionar como o negócio da publicidade digital da Google lucrou com conteúdos menos apropriados, e ainda, sobre o discurso de ódio no YouTube.

É ainda possível que a Google seja questionada sobre a China, bem como as investigações ‘antitrust’ que enfrenta atualmente em vários estados.

Por fim, a Amazon , que já está debaixo de olho das autoridades competentes desde o ano passado, deverá ser questionada sobre o tratamento de empresas terceirizadas que vendem produtos através do seu site. Uma investigação do “Wall Street Journal”, em abril, descobriu que a Amazon usava frequentemente dados de vendedores de terceiros no seu site para definir planos para desenvolver os seus produtos de marca própria – essa revelação deu início a uma ampla investigação ‘antitrust’ contra a empresa na UE.

Para além disso, dezenas de investidores e empreendedores acusaram a Amazon de investir nas suas empresas, obtendo acesso a informações, antes de lançar concorrentes. Muitas das startups foram esmagadas no processo e disseram não poder competir com a Amazon, uma vez que ela lançou o seu próprio serviço. A Amazon negou as alegações de que usava informações confidenciais. A Amazon também pode enfrentar questões mais atuais sobre a pandemia da Covid-19, que causou um aumento inesperado nos pedidos online e sobrecarregou os centros de atendimento da Amazon.

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