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António Domingues: “Quando contratei McKinsey e advogados já não era vice-presidente do BPI”

“Não trabalharam para mim no sentido em que eu não precisaria deles se o Governo não me tivesse convidado para a recapitalização da Caixa”, respondeu, admitindo, que não foi feito qualquer contrato que o referisse explicitamente, relata a Lusa.
  • Foto: Cristina Bernardo
18 Julho 2017, 20h18

“Tive talvez o excesso de zelo de tentar resolver o problema enorme o mais depressa possível. Facilitei talvez, mas não houve violação de nenhuma questão formal”, disse hoje António Domingues, na segunda audição perante a comissão parlamentar de inquérito que tem por objeto apurar a atuação do Governo na nomeação, gestão e demissão da anterior administração da Caixa Geral de Depósitos, que demorou cerca de duas horas, segundo a Lusa.

O ex-presidente da CGD  salientou que apesar de a sua demissão do BPI (onde era vice-presidente) só ter produzido efeitos em final de junho, desde o momento em que aceitou o convite do Governo para ser presidente da CGD, em abril, deixou de exercer funções no banco privado liderado por Fernando Ulrich.

“Quando contratei os serviços da McKinsey e da sociedade de advogados [Campos Ferreira, Sá Carneiro & Associados] já não era vice-presidente do BPI”, afirmou, em resposta ao deputado do CDS-PP António Carlos Monteiro, que o tinha questionado se era normal o vice-presidente de um banco contratar consultoras a serem pagas por outro banco.

António Domingues acrescentou ainda que não teria aceitado o convite para liderar a CGD se não tivesse ajuda técnica na preparação dos planos de negócios e de recapitalização do banco público, apresentados a Bruxelas, e garantiu ainda que a contratação foi “completamente transparente” e partilhada com todos os que estavam envolvidos neste processo, como Governo e Banco de Portugal.

Também o PSD questionou o gestor sobre a contratação dos assessores jurídicos e da Mckinsey, nomeadamente sobre para quem trabalhava o escritório de advogados e a consultora contratados antes de António Domingues entrar na Caixa, e na sequência dos membros do Governo ouvidos terem remetido essa responsabilidade para o gestor.

“Não trabalharam para mim no sentido em que eu não precisaria deles se o Governo não me tivesse convidado para a recapitalização da Caixa”, respondeu, admitindo, que não foi feito qualquer contrato que o referisse explicitamente.

Em 28 de abril, quando esteve nesta mesma comissão de inquérito, António Domingues já tinha considerado que as equipas de advogados e consultores não trabalharam para si, mas para o Estado português, e indicou que o valor pago foi de 1,2 milhões de euros pelos serviços prestados, recorda a Lusa.

Quanto ao PS, o deputado João Paulo Correia considerou hoje que o importante é que a CGD está bem recapitalizada e considerou que as alternativas teriam tido mais custos, nomeadamente caso houvesse um ‘bail-in’ (resgate interno). “Acho que o Estado português resolveu bem, a bem da Caixa e do país, e pela minha parte estou satisfeito pelo meu contributo. Os outros custos preferia não ter tido, mas fazem parte da vida”, afirmou, por seu lado, António Domingues.

António Domingues, voltou a repetir que era “impensável” que as pessoas que convidou para o Conselho de Administração da CGD “aceitassem participar se os seus patrimónios fossem, nos dias seguintes, divulgado nos tablóides”.

O deputado socialista João Paulo Correia disse que “nunca foi intenção Governo alterar a lei 4/83”, como se vê da não existência desse compromisso em documentação.

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