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António Ramalho quer manter-se para lá do fim do mandato

“Não nos esquecemos de que estamos cá para apagar este incêndio. Apagaremos esse incêndio, mas também sabemos que foi fogo posto”, concluiu o presidente do Novo Banco, para fechar a conferência de imprensa desta quarta-feira, após a conclusão da auditoria especial da Deloitte.
2 Setembro 2020, 18h05

O conselho de administração do Novo Banco acaba o seu mandato no fim do ano, mas o atual presidente executivo está disponível para ficar para lá do final do mandato.

“Naturalmente que ficaremos e tenderemos a ficar até a reestruturação do banco estar concluída e até trazermos o banco para uma situação de lucros, o que pretendemos que aconteça em 2021, dado que foi esse o plano acordado com o Estado português e a Comissão Europeia”, disse esta quarta-feira o CEO do Novo Banco. “Este é um dos objetivos desta administração, o cumprimento rigoroso do plano em circunstâncias específicas”, sublinhou.

A Comissão Europeia queria uma limpeza do balanço do banco até 2020, para que o banco seja viável em 2021, recordou.

“Eu quando cheguei em 22 de agosto de 2016, estava prevista uma injeção de capital de 750 milhões de euros oito dias depois, nessa altura a única decisão que tomei foi a de que vinha para ficar. Acho que o banco que tinha tido dois presidentes num espaço de tempo curto, e que tinha de fazer uma reestruturação tão profunda e tão difícil precisava de um presidente que viesse para ficar. Os 4.500 colaboradores do banco precisavam disso”, disse António Ramalho na conferência de imprensa.

Apesar de não estar otimista em relação ao impacto económico da pandemia, o presidente do Novo Banco está convicto de que é possível deixar o balanço do banco limpo até ao final deste ano e chegar a resultados positivos em 2021.

Recorde-se que até 30 de junho, o Novo Banco teve prejuízos de 555,3 milhões de euros, e estima pedir 176 milhões de euros ao Fundo de Resolução até ao primeiro semestre. Anualizando a estimativa para o conjunto do ano, significa que o Novo Banco poderá chamar o mecanismo de capitalização contingente em 352 milhões de euros em 2021 por conta das perdas em 2020.

O banco prepara-se para vender o portefólio de malparado Nata III”, que é o último pacote de ativos tóxicos cobertos pelo mecanismo de capital contingente. Esta venda vai ser acompanhada pelo Fundo de Resolução, tal como todos as outras operações de venda de ativos tóxicos cobertos pelo CCA.

O CCA tem um montante máximo de 3,89 mil milhões de euros, montante do qual falta utilizar cerca de 912 milhões de euros.

“O meu conselho de administração aceitou um dia ser chamado como bombeiro para apagar um fogo que lavrava de forma extraordinariamente alta e perigosa. Custa-me, por vezes, que a comunicação social, comentadores e políticos se esqueçam disso e procurem verificar a conta da água”, disse António Ramalho aos jornalistas, dois dias depois de a Deloitte ter entregue a auditoria especial que revelou perdas de mais de quatro mil milhões.

“Não nos esquecemos de que estamos cá para apagar este incêndio. Apagaremos esse incêndio, mas também sabemos que foi fogo posto”, concluiu o presidente do Novo Banco, para fechar a conferência de imprensa.

A atual administração executiva do banco detido em 75% pela Lone Star e em 25% pelo Fundo de Resolução, que foi eleita para o quadriénio 2017-2020, é composta também por Vítor Fernandes; por Jorge Freire Cardoso; por Luísa Soares da Silva Amaro de Matos; por Rui Fontes; por José Eduardo de Bettencourt; por Luís Ribeiro e pelo CFO, Mark Bourke.

Byron Haynes é o chairman do Novo Banco.

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