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Ao abandonar a presidência, Donald Trump deixa seis heranças a pesar sobre Biden

O mercado de ações em altas e um dólar em baixas. Estas são apenas duas das seis heranças deixadas por Donald Trump no dia em que abandona a Casa Branca e passa o testemunho presidencial a Joe Biden.
20 Janeiro 2021, 12h05

Donald Trump abandona hoje aquela que foi a sua casa durante os últimos quatro anos, dando posse ao próximo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e deixa-lhe um legado de incerteza económica e um mercado de ações em máximos históricos, revela a “Reuters”.

De acordo com a publicação, o presidente cessante deixa um total de seis presentes ao presidente eleito dos Estados Unidos, sendo que estes podem marcar os primeiros tempos da legislatura de Biden ou todo o mandato presidencial com que este se comprometeu.

O mercado bolsista é o primeiro presente deixado por Trump ao seu sucessor. O índice S&P500 valorizou 68% desde que Donald Trump assumiu a presidência em 2016, e ganhou 73% desde o final do mês de março, já em plena pandemia, com a promessa de um estímulo fiscal e monetário, sendo que nos últimos tempos os ganhos focaram-se nas vacinas e como estas irão permitir a reabertura económica do país.

No dia 3 de novembro, marcado pelas eleições americanas, Wall Street abriu e encerrou no ‘verde’, sendo que nem a incerteza dos resultados finais nos dias que se seguiram afetaram o mercado de ações dos Estados Unidos. Por sua vez, o mercado europeu reagiu positivamente à eleição de Joe Biden para ocupar o cargo como 46º presidente dos Estados Unidos.

Ainda no mercado de ações, os analistas da “Reuters” defendem que este deve dar uma receção calorosa a Biden, uma vez que o índice S&P 500 valorizou nos primeiros 100 dias em oito dos últimos dez mandatos presidenciais. No entanto, a tensão está instalada, uma vez que Joe Biden precisa de estimular a economia americana com o pacote de estímulos de 1,9 biliões de dólares que está pendente para aprovação no Congresso.

A terceira herança é um dólar enfraquecido, que caiu 12% face aos níveis elevados que tinha registado no ano passado. As yields elevaram o dólar dos seus mínimos e os analistas da publicação acreditam que um movimento mais sustentado da moeda pode reverter a posição do dólar no mercado atual e gerar ganhos.

Atualmente, o dólar enfraquecido ajuda os exportadores a aumentar a competitividade dos produtos provenientes dos Estados Unidos face aos países exteriores e apela à compra de ações, tornando-as mais acessíveis a investidores estrangeiros.

Devido ao aumento de gastos com a pandemia, Joe Biden vai herdar o maior balanço patrimonial da Reserva Federal já visto. Analistas da “Reuters” temem que as taxas de juro em níveis mínimos e a compra de ativos fixada em 120 mil milhões de dólares (99 mil milhões de euros) mensais e que a Reserva Federal fique com pouca margem de manobra para recuperar a economia caso este piore.

A dívida dos Estados Unidos está fixada em 28 biliões de dólares (23,11 biliões de euros), tendo crescido 40% no mandato presidencial de Trump. Este aumento foi motivado pelo corte de impostos em 2017 e também pelos gastos realizados no ano passado para tentar conter os efeitos económicos da pandemia.

Vários investidores acrescentam a probabilidade da dívida continuar a aumentar sob o mandato de Joe Biden, mas Janet Yellen, ex-presidente da Reserva Federal e nomeada para assumir a pasta do Tesouro, apelou ao Congresso para “agir em grande” com o próximo pacote de alívio, notando que os benefícios superam os custos da dívida.

Além destas cinco heranças, Trump deixa ainda a incerteza política com a China, depois do seu mandato ser manchado por várias tensões e vários ataques às empresas. À semelhança da incerteza política, também a incerteza económica marca o início do mandato presidencial de Joe Biden devido à pandemia, estando atualmente a incerteza económica superior após o 11 de setembro de 2001 e a Grande Crise Financeira de 2007/2008.

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