[weglot_switcher]

Apollo apanhado de surpresa com negociações exclusivas do Lone Star

O consórcio Apollo/Centerbridge recebeu a carta do Banco de Portugal a exclui-los das negociações na compra do Novo Banco, só na quarta-feira.
24 Fevereiro 2017, 08h59

A Apollo em consórcio com o fundo Centerbridge aguardavam informação do Novo Banco que estava prevista chegar hoje, dia 24 de fevereiro, no âmbito da due-diligence que tinham em curso, quando foram surpreendidos com a notícia de que o Banco de Portugal tinha entrado em negociações exclusivas com o outro concorrente.

O consórcio tinha avançado para uma due-diligence para determinar os riscos do Novo Banco com mais rigor, mas havia informação em falta no data-room, pelo que o fundo norte-americano continuava a solicitar informação ao banco sobre a sua carteira de ativos e colaterais que garantem créditos. A data que o banco tinha dado ao Apollo para o envio da informação pedida era o dia de hoje. Mas no fim de semana o Expresso avança com a notícia, depois confirmada pelo próprio Banco de Portugal em comunicado, que tinha sido selecionado o fundo norte-americano Lone Star para negociações exclusivas na venda do Novo Banco.

Fonte conhecedora do processo refere que só na quarta-feira é que o consórcio recebeu a carta do Banco de Portugal a exclui-los das negociações, nesta fase. Para dar lugar a negociações exclusivas com o Lone Star.
As mesmas fontes dizem que essa exclusividade foi uma exigência do potencial comprador, Lone Star.

Do lado oposto é dito ao Jornal Económico que não havia qualquer data estipulada pelo Banco de Portugal/Fundo de Resolução. E que a informação existente era igual para todos os candidatos. Sendo que só o Lone Star avançou com uma proposta realmente vinculativa.

As negociações exclusivas pressupõem que o Lone Star chegue a um acordo em breve para a compra do Novo Banco. Sendo que o Lone Star poderá não ficar com 100% do banco de transição, no âmbito de um mecanismo de partilha de risco dos ativos problemáticos.

A proposta do Lone Star para partilhar risco do Novo Banco implica negociações com as instâncias europeias e o ministro das Finanças já admitiu o recurso a uma nova via de venda do Novo Banco, diferente das duas anunciadas pelo Banco de Portugal em março de 2016.

Mário Centeno veio a público comentar a venda do Novo Banco “O caderno de encargos da venda é a 100%, mas existe também uma segunda via de negociação que não envolvia a venda dos 100%. Vamos ver. É uma matéria que está no contexto negocial. Há diferentes carris negociais que o Banco de Portugal tem trilhado. Temos de aguardar”.

Fonte conhecedora do processo diz que o Lone Star quer ficar com pelo menos 70% do capital do Novo Banco.
Mário Centeno foi questionado pelos jornalistas depois da reunião do Eurogrupo sobre a possibilidade de o Fundo de Resolução ficar com uma parte do capital do Novo Banco, que é a proposta do Lone Star.  Mas como isso implica uma alteração à lei que criou o banco de transição, obriga a negociações com as instâncias europeias. O ministro confirmou ainda contactos com Bruxelas. “Há contactos, normais neste processo, que visam garantir o pleno cumprimento das regras”, disse.

O Lone Star já admitiu em comunicado estar empenhado em comprar o Novo Banco, mantendo mesmo a equipa de gestão.
O presidente do Lone Star para a Europa, Olivier Brahin, assumiu que mantém a equipe de gestão liderada por António Ramalho e o foco no crédito às empresas.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.