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Apple, a maçã que foi ‘mordida’ 1 bilião de vezes

É a primeira empresa pública norte-americana e a segunda da história a passar a barreira dos 13 dígitos de valor em bolsa. Tim Cook ‘segurou’ o iPhone e impulsionou as receitas da empresa para patamares nunca antes vistos. Mas o que são, de facto, 1 bilião de dólares?
  • REUTERS/Regis Duvignau
4 Agosto 2018, 11h30

Quando se começa a estudar economia, é prática comum (e universal) os professores explicarem as fronteiras de possibilidades de produção com recurso a dois produtos: canhões e manteiga. Neste artigo, vamos falar de maçãs e de dólares (americanos). Mais concretamente vamos falar de 1.000.000.000.000 de maçãs: a Apple tornou-se na primeira empresa norte-americana a ter uma capitalização bolsista de 1 bilião de dólares – sensivelmente 862.961.684.501,21 euros, segundo o conversor online do Bando de Portugal no dia 3 de agosto de 2018.

Antes disso, queremos abrir apenas um pequeno parêntesis e dizer o seguinte: a Apple não é a primeira empresa da história a chegar a esta capitalização bolsista; a primeira foi a PetroChina, controlada pelo governo de Xi Jiping, que por breves períodos em 2007 chegou a valer 1.1 biliões de dólares depois de entrar na bolsa de Shanghai. Hoje, diz a Reuters, vale uns ‘meros’ 200 mil milhões de dólares.

Voltando à Apple. O ‘cozinheiro’ dos resultados da antiga Apple Computing – hoje é apenas Apple – é o seu atual CEO, Tim Cook. Passou a ser o timoneiro da inventora dos smartphones depois de Steve Jobs, fundador da empresa, ter perdido a única batalha da sua vida: o cancro. Foi em 2011 que Cook assumiu o leme e, desde então, muitos o criticam por nunca ter conseguido ter a visão de Jobs que “criou” o iPod, iPhone e o iPad e os serviços conexos, o iTunes e a App Store.

Mas Cook conseguiu algo extraordinário: aumentar exponencial e sucessivamente as receitas da Apple. Para se ter uma ideia, Ian Bremmer, presidente da Eurasia Group, uma consultora política, postou na sua conta do LinkedIn as receitas da empresa a cada 18 meses, entre 2008 e 2018. Há dez anos atrás, as receitas ascenderam a mil milhões. Ano e meio mais tarde, ainda sem Cook, subiram para 16.4 mil milhões. Em 2012, já com Tim Cook, as receitas quase que quadruplicaram. Em 2016, passaram a barreira dos 100 mil milhões para, este ano, ascenderem aos 129.5 mil milhões de dólares.

São sete anos de liderança para Cook sem produtos revolucionários no seu pipeline (o iWatch não conta).

O iPhone continua a ser a jóia da coroa. Dados do portal estatístico ‘Statista’, que remontam ao terceiro trimestre de 2007, ano em que se venderam 1.4 milhões de unidades, revelam que em 2018 a Apple já vendeu 170.84 milhões de iPhones no mundo inteiro. Mas mais impressionante é o peso que este telemóvel/instrumento de trabalho/computador/relógio/bússola/espelho/máquina fotográfica/gravador/câmara/consola de jogos entre outros tem na facturação da empresa. Desde do terceiro trimestre de 2010 que não é menos de 40% e só por duas vezes foi menos de 50%. No primeiro trimestre deste ano, as vendas dos iPhones corresponderam a 69,74% da facturação total da empresa.

Assim se percebe, em parte, que na passada terça-feira, dia 31 de julho, as ações da Apple tenham subido 2,9% para os 207.39 dólares, fazendo a empresa valer em bolsa 1 bilião de dólares. Desde a sua entrada em bolsa em 1980, as ações da Apple subiram 50,000%.

Apple em 2018 vale mais do que cinco economias europeias juntas

Mas o que significam 1.000.000.000.000 de dólares (cerca de 863 mil milhões de euros)?

Em 2017, diz o Pordata, o PIB da União Europeia era de 15.3 biliões de euros. O PIB da Alemanha cinco vezes menos, isto é, em 2017 o PIB alemão era superior a 3,3 Apples. No entanto, a Apple em 2018 vale mais do que as economias de Portugal, Grécia, Irlanda, Hungria, República Checa juntas em 2017, e ainda sobram uns (largos) trocos.

O “Irish Times” escreve que a capitalização bolsista da Apple dá para comprar uma casa de 220 mil euros para cada “homem, mulher e criança a viver na República da Irlanda” (os censos de 2016 apontam que a população irlandesa é de 4,7 milhões).

O jornal irlandês revela outros fait-divers ainda mais curiosos. Se o ser humano conseguisse contar 60 dólares por minuto, demoraria 31.709 anos a contar 1 bilião de dólares. E sabe quanto pesa capitalização bolsista da Apple em notas? Cerca de 10 mil toneladas. Segundo o site ‘Bluebulbprojects.com’ (vale a pena lá ir) é o equivalente ao peso da Torre Eiffel.

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